
- Brasil recebe 5.500 carros elétricos chineses, elevando estoque para mais de 40.000 unidades
- Anfavea quer antecipar alíquota de importação para 35% para proteger montadoras nacionais
- Indústria automotiva alerta que o avanço das importações ameaça 1,3 milhão de empregos no setor
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) manifestou preocupação com a chegada de 5.500 carros elétricos importados ao Brasil em fevereiro. Segundo a entidade, o país já acumula mais de 40.000 unidades em estoque, o que pode comprometer a recuperação da indústria automotiva nacional.
O desembarque dos veículos, fabricados pela montadora chinesa BYD, ocorreu no porto de Aracruz (ES), na quinta-feira (27). Os modelos importados são o Song, Dolphin e Yuan.
Estratégia para driblar imposto
A Anfavea avalia que esse volume expressivo de importações pode ser uma tentativa de antecipar o aumento gradual da alíquota do imposto de importação sobre veículos elétricos.
Desde julho de 2024, os tributos aplicados são de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos convencionais. No entanto, o cronograma prevê que a alíquota para elétricos chegue a 35% apenas em julho de 2026.
A associação solicita ao governo que acelere essa alta para evitar um impacto negativo nas montadoras instaladas no país. De acordo com a entidade, outros mercados globais impõem barreiras bem mais rígidas à entrada de veículos chineses. Nos Estados Unidos e no Canadá, a tarifa chega a 100%, enquanto na Europa pode alcançar 48%.
Ameaça à indústria nacional
A Anfavea reforça que a importação massiva desses veículos pode comprometer a competitividade da indústria automotiva brasileira, que ainda se recupera de anos desafiadores.
A entidade ressalta que o setor gera mais de 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos e precisa de um ambiente regulatório equilibrado para continuar crescendo.
A pressão por uma elevação antecipada da alíquota de importação ganha força diante do avanço dos elétricos chineses no mercado brasileiro. Para a associação, sem uma medida de proteção adequada, as montadoras nacionais podem enfrentar dificuldades para manter suas operações e investimentos no país.
Perspectivas e próximos passos
O governo ainda não se manifestou oficialmente sobre a solicitação da Anfavea, mas o debate sobre a tributação de veículos elétricos tem ganhado espaço na agenda econômica.
Enquanto a indústria automotiva defende um ajuste mais rápido nas tarifas, especialistas alertam para a necessidade de equilibrar a proteção do setor com a ampliação do acesso a tecnologias mais sustentáveis.
Com a chegada de novos lotes de veículos importados prevista para os próximos meses, a discussão sobre o impacto dessa movimentação no mercado brasileiro deve se intensificar.
O desfecho dessa questão pode determinar o futuro da eletrificação da frota nacional e o papel da indústria automotiva local nesse cenário em transformação.