
- Exportações da China cresceram 12,4% em março, impulsionadas por antecipação de embarques.
- Tensão comercial com os EUA levou empresas a se adiantar a novas tarifas.
- Analistas alertam que crescimento é pontual e tendência é de retração nos próximos meses.
A China surpreendeu ao registrar alta de 12,4% nas exportações de março, mesmo sob tarifas adicionais dos EUA. O crescimento se concentrou em setores estratégicos e reforçou a força comercial chinesa em meio à escalada de tensões. Investidores reagiram com otimismo cauteloso diante de possíveis retaliações futuras.
Empresas antecipam embarques e impulsionam balança comercial antes de novas sanções
Em março de 2025, as exportações da China surpreenderam ao registrar alta de 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$ 314 bilhões. O dado, divulgado pela Administração Geral de Alfândegas na última sexta-feira (11), contraria expectativas de desaceleração e revela o impacto direto das estratégias empresariais adotadas diante da intensificação da guerra tarifária com os Estados Unidos.
Embora os analistas alertem que o avanço pode ser temporário, o crescimento chama atenção em um cenário global marcado por instabilidade comercial. A força das vendas externas chinesas se deu, sobretudo, pela antecipação de embarques de bens industriais e eletrônicos, visando driblar as novas tarifas anunciadas por Donald Trump.
Esse resultado também sugere que Pequim tem reforçado mecanismos para sustentar seu setor exportador, mesmo diante de barreiras comerciais mais duras e do risco de novos embargos americanos.
Empresas antecipam exportações para evitar tarifas
Analistas ouvidos pela Bloomberg Línea afirmam que o forte aumento nas exportações ocorreu porque empresas chinesas aceleraram suas operações internacionais em março. Com receio de novas tarifas dos Estados Unidos, essas empresas anteciparam os embarques, principalmente nas cadeias de tecnologia e de bens industriais.
Essa movimentação reflete a preocupação das empresas com o aumento do custo de entrada de produtos no mercado dos EUA, um de seus principais destinos. Apesar da escalada protecionista, os empresários chineses seguem firmes em preservar o volume de vendas, o que explica o esforço logístico observado nas últimas semanas.
Além disso, o governo chinês teria oferecido incentivos fiscais temporários a exportadores, de modo a estimular o envio imediato de mercadorias antes do agravamento das tensões comerciais. Essa política, embora não confirmada oficialmente, é mencionada por fontes do setor como parte de um plano emergencial de contenção dos efeitos tarifários.
Esse comportamento sugere uma reação coordenada entre iniciativa privada e governo, com o objetivo de mitigar os prejuízos causados pelo embate comercial em curso.
Guerra tarifária pressiona relações comerciais
O crescimento das exportações ocorre em meio a uma escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China. Recentemente, o governo Trump impôs tarifas de até 145% sobre produtos chineses, numa tentativa de conter o avanço industrial do país asiático. A resposta de Pequim veio com uma elevação de 125% nas tarifas sobre itens norte-americanos.
A tensão afeta não apenas os fluxos comerciais, mas também impacta cadeias globais de suprimentos, especialmente nos setores de eletrônicos e automóveis. Empresas multinacionais vêm enfrentando dificuldades em manter margens de lucro, repassando parte do custo ao consumidor final.
Nesse contexto, a resiliência das exportações chinesas demonstra a robustez do modelo industrial do país, ainda que especialistas considerem o desempenho de março como uma “corrida contra o relógio”. Ou seja, trata-se de um fôlego momentâneo antes que o impacto real das tarifas seja sentido.
Vale lembrar que os Estados Unidos são o maior parceiro comercial da China, sendo responsáveis por 15% das exportações do país. Com o agravamento das tarifas, esse elo tende a se enfraquecer, gerando efeitos em cascata para o comércio global.
Expectativa é de retração nos próximos meses
Apesar dos bons números de março, a tendência para os próximos meses é de desaceleração. Economistas chineses projetam uma queda no ritmo das exportações em abril, principalmente em razão da redução da demanda global e da efetivação das tarifas norte-americanas.
Além disso, há sinais de que países europeus também poderão adotar medidas protecionistas semelhantes, o que agravaria ainda mais o cenário para o comércio externo chinês. Nesse sentido, Pequim poderá intensificar acordos bilaterais com mercados emergentes, buscando diversificar sua pauta exportadora.
Embora o resultado de março tenha sido comemorado internamente, a sustentabilidade desse desempenho dependerá da habilidade do governo chinês em contornar os desafios geopolíticos. Enquanto isso, os EUA seguem pressionando por mudanças estruturais nas práticas comerciais de Pequim.
Caso o ritmo desacelere como previsto, o superávit comercial chinês pode sofrer retração já no segundo trimestre. Diante disso, os próximos indicadores mensais ganharão ainda mais relevância no cenário macroeconômico internacional.