Em um movimento estratégico e de grande impacto no mercado agrícola, a família Scheffer, conhecida por sua vasta atuação no setor, anunciou a compra de 5,37% da SLC Agrícola, investindo cerca de R$ 400 milhões. A aquisição, realizada diretamente por membros da família, coloca os Scheffer como um dos principais acionistas da empresa, atrás apenas dos Logemann, fundadores e controladores da SLC.
Essa transação não é apenas um investimento significativo em termos monetários, mas também uma forte declaração de confiança no valor e no potencial de crescimento da SLC Agrícola. Guilherme Scheffer, diretor comercial da Scheffer, enfatizou em reunião com investidores organizada pelo Itaú BBA, que o valor de mercado da SLC deveria ser de 2x a 2,5x maior, destacando que, na sua visão, “hoje é mais barato comprar SLC do que fazenda”.
A família Scheffer tem uma trajetória de sucesso no agronegócio brasileiro. Começando em 1986, quando Elizeu Maggi Scheffer se mudou do Rio Grande do Sul para Sapezal, no Mato Grosso, a família expandiu suas atividades para se tornar uma potência no cultivo de algodão e soja, com 215 mil hectares de terras cultivadas. A empresa familiar atualmente apresenta um faturamento de R$ 2,5 bilhões, com uma equipe de 2.500 funcionários.
A decisão de investir na SLC Agrícola é vista por Guilherme como uma forma de diversificar os investimentos da família, mantendo a liquidez. A compra das ações proporciona flexibilidade financeira que a aquisição direta de terras não ofereceria. Além disso, Guilherme expressou o interesse em contribuir com a gestão da SLC Agrícola, embora tenha afirmado que esse não foi o principal motivador do investimento.
Esta aquisição também reflete a busca da família Scheffer por diversificação geográfica. Enquanto 90% das suas terras estão localizadas no Mato Grosso, a SLC Agrícola tem uma distribuição mais ampla, com fazendas em sete estados brasileiros. Esta expansão geográfica pode oferecer à família Scheffer uma maior proteção contra riscos climáticos e de mercado, além de acesso a diferentes mercados e culturas agrícolas.
O impacto desse investimento foi sentido imediatamente no mercado, com as ações da SLC Agrícola registrando um aumento de 2,1% no dia do anúncio, fechando a R$ 19,20. Isso indica uma resposta positiva dos investidores à confiança demonstrada pela família Scheffer na empresa.
A discussão sobre a separação dos negócios operacionais dos imobiliários na SLC Agrícola, mencionada por Guilherme, aponta para uma potencial estratégia de desbloquear o valor da empresa. Essa abordagem poderia atrair um novo grupo de investidores interessados especificamente no aspecto imobiliário das operações agrícolas, um segmento que, segundo o executivo, muitas vezes não é plenamente compreendido por investidores externos ao setor.
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Preço-Alvo
A SLC Agrícola, uma das líderes do setor agrícola brasileiro, tem apresentado um desempenho notável no mercado de ações. Por volta das 16h de hoje, as ações da empresa (SLCE3) registraram um aumento de aproximadamente 3,37%, marcando a maior alta entre os papéis listados na B3. Esse avanço segue uma tendência positiva observada nos últimos dias, com a empresa alcançando uma valorização de 1,97% ontem e de 0,45% na segunda-feira.
Essa sequência de altas vem chamando a atenção de analistas e investidores, que buscam compreender os fatores por trás desse movimento ascendente. Luis Novaes, da Terra Investimentos, aponta para a mudança de perspectiva no mercado externo e seu impacto sobre o dólar como uma possível explicação. “Nos últimos dois dias, o dólar tem reagido à mudança de perspectiva com relação aos juros no exterior, que devem permanecer elevados por mais tempo do que o mercado vinha precificando”, explica Novaes. Dada a natureza exportadora da SLC Agrícola, suas ações mostram sensibilidade aos movimentos do dólar, e um fortalecimento da moeda americana tende a beneficiar a empresa.
Além disso, o relatório recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre oferta e demanda de grãos para as principais commodities agrícolas tem impacto direto sobre a empresa. O relatório divulgado na última sexta-feira (12) aponta um aumento nos indicadores globais de estoque/utilização (StU) de soja, milho, trigo e algodão para o ano-safra 2023/24 em comparação ao mês anterior.
O BTG Pactual, ao analisar as projeções do USDA, considera-as excessivamente otimistas para as safras de soja (157 milhões de toneladas) e milho (127 milhões de toneladas) do Brasil no período de 2023/2024. Neste contexto, o banco destaca a SLC Agrícola como a empresa que mais deve se beneficiar desses números, recomendando a compra de suas ações com um preço-alvo de R$ 17,15. Essa recomendação se baseia na avaliação de que as ações da empresa mantêm valuations atrativos e apresentam boas opções de crescimento.
A SLC Agrícola, conhecida por sua eficiência e inovação no cultivo de grãos e fibras, parece estar em uma posição privilegiada para aproveitar as oportunidades que surgem com o cenário atual. Seu modelo de negócios, focado na produção em larga escala e na exportação, se beneficia diretamente das variações cambiais e das tendências do mercado global de commodities.
Essa alta nas ações da SLC Agrícola reflete não apenas o dinamismo do setor agrícola brasileiro, mas também a capacidade da empresa de se posicionar estrategicamente no mercado global. Enquanto o mundo continua a enfrentar desafios econômicos e climáticos, a demanda por commodities agrícolas permanece robusta, o que coloca a SLC Agrícola em uma posição de destaque para capitalizar sobre essas tendências.
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