- A Argentina vai aumentar a vigilância na fronteira com o Brasil, especialmente em Misiones, para combater o tráfico de mercadorias e a violência
- A fronteira entre Misiones e o Brasil é vulnerável, com pontos de fácil travessia e aumento de crimes como assassinatos por pistoleiros
- A diferença cambial entre o peso argentino e o real brasileiro tem gerado um fluxo elevado de produtos ilegais entre os países, intensificando a necessidade de controle
A segurança nas fronteiras da Argentina continua a ser um tema central no governo de Javier Milei. Após o anúncio da instalação de uma cerca na divisa com a Bolívia, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou que o país intensificará o controle na fronteira com o Brasil.
A medida visa conter o fluxo de produtos e combater crimes que ocorrem ao longo dessa região. Em entrevista à Rádio Mitre, Bullrich detalhou que a prioridade será a fronteira entre a província de Misiones e o estado brasileiro de Santa Catarina, particularmente nas cidades de Bernardo de Irigoyen, na Argentina, e Dionísio Cerqueira, no Brasil.
Situação “alarmante”
Segundo a ministra, a situação na divisa entre Misiones e o Brasil é alarmante, pois há pontos onde é possível atravessar caminhando. Dessa forma, o que facilita o tráfico de mercadorias ilegais, além de outros crimes, como assassinatos praticados por pistoleiros.
Bullrich destacou que essa vulnerabilidade geográfica tem gerado problemas significativos para as autoridades, tanto da Argentina quanto do Brasil. Contudo, devido ao aumento no fluxo de produtos de um país para o outro.
A grande diferença cambial entre o peso argentino e o real brasileiro, que valoriza a moeda brasileira, também tem incentivado o comércio ilegal. Além da circulação de bens de um lado para o outro de maneira descontrolada.
Desequilíbrio econômico
A ministra, ao falar sobre a situação, reconheceu que a diferença nas moedas tem levado a um desequilíbrio econômico nas áreas fronteiriças. Assim, favorecendo o tráfico de produtos, como eletrônicos, medicamentos e até alimentos, que chegam ao Brasil a preços mais baixos devido à valorização do peso argentino em relação ao real.
A elevada demanda por esses produtos tem gerado um aumento no número de transações ilegais e intensificado o risco de crimes. No entanto, tanto em território argentino quanto brasileiro.
Bullrich argumentou que a ampliação do controle na divisa com o Brasil é uma resposta a essa situação complexa. E, que mais operações serão realizadas para garantir que a segurança na região seja reforçada.
Política rígida
O foco nas fronteiras de Misiones com o Brasil também se alinha à estratégia do governo de Milei de consolidar uma política de segurança mais rígida, especialmente nas áreas mais vulneráveis do país.
A decisão de intensificar a vigilância na região não é isolada, pois se segue a instalação da cerca na fronteira com a Bolívia. Contudo, anunciada pela Argentina no início do ano.
As medidas visam combater o crime e o contrabando, mas geram discussões sobre os impactos nas relações entre os países vizinhos.
Embora o governo argentino tenha enfatizado a importância de garantir a segurança nas fronteiras e combater a criminalidade, especialistas apontam que as ações podem resultar em tensões diplomáticas com o Brasil. Que, por sua vez, também enfrenta desafios relacionados ao controle de suas próprias fronteiras.
A integração entre as duas economias, especialmente nas regiões fronteiriças, é intensa e pode ser afetada por essas políticas mais rígidas. As quais buscam aumentar a fiscalização, além de reduzir o fluxo ilegal de produtos.
Tráfico de mercadorias
A medida da ministra Patricia Bullrich é um reflexo das dificuldades que o governo de Javier Milei enfrenta na tentativa de controlar as regiões de fronteira, especialmente aquelas mais suscetíveis ao tráfico de mercadorias e à violência.
Com a continuidade da implementação de cercas e a intensificação das operações de segurança, o governo argentino busca não só melhorar o controle do território, mas também aliviar as tensões econômicas geradas pelas disparidades cambiais e pelos crimes transnacionais.
O que está em jogo, portanto, não é apenas a segurança, mas também as relações bilaterais com o Brasil, que, além de ser um parceiro comercial importante, compartilha uma das fronteiras mais dinâmicas da América do Sul com a Argentina.
O futuro das relações fronteiriças, portanto, dependerá da capacidade dos dois países em equilibrar segurança, economia e diplomacia.