Estoque de propriedades

Bancos estão tomando imóveis de volta e volume já chega a 1/3 dos empreendimentos lançados

Crescimento do estoque de propriedades impacta setor, mas especialistas descartam crise

Saiba como a Uniao utiliza os Imoveis Publicos
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  • Estoque de imóveis retomados pelos bancos cresceu 10% em um ano, atingindo R$ 79 bilhões
  • Caixa Econômica Federal lidera o volume, com aumento de 150% desde 2022
  • Apesar do acúmulo, especialistas apontam que o mercado de crédito segue saudável

Os bancos brasileiros acumulam um estoque recorde de imóveis retomados, somando R$ 79 bilhões até novembro de 2024, segundo o Banco Central. Esse volume representa um crescimento de 10% em relação a 2023 e de 20% comparado a 2022.

Apesar do aumento expressivo, especialistas descartam uma crise no setor, afirmando que a alta reflete um movimento natural da expansão do crédito imobiliário nos últimos anos.

A Caixa Econômica Federal, maior financiadora habitacional do país, é responsável por dois terços dos financiamentos e lidera o volume de propriedades retomadas. O banco viu seu estoque saltar de 20,2 mil imóveis em 2022 para 50,4 mil em 2024, um aumento de 150%.

Os custos para manter essas unidades também cresceram: em 2023, a Caixa desembolsou R$ 443 milhões com impostos, taxas condominiais e outras despesas.

Impacto da inadimplência e retomada de imóveis

A alta no estoque de propriedades retomadas se deve, principalmente, à inadimplência no financiamento imobiliário. O pico ocorreu em 2023, quando a taxa chegou a 1,54%. Os contratos que utilizam FGTS registraram maior impacto, subindo de 1,99% em 2019 para 2,63% em 2023. No último ano, a inadimplência recuou para 2,06%.

A retomada de um imóvel segue um processo padronizado. A propriedade é levada a leilão duas vezes. No primeiro, o preço é baseado no valor de mercado. Se não houver compradores, um segundo leilão ocorre, considerando a dívida do financiamento mais os custos processuais.

Nesse estágio, os descontos podem chegar a 70%. Quando não são vendidos, os imóveis são incorporados ao balanço dos bancos como Bens Não de Uso Próprio (BNDU), gerando novos desafios financeiros.

Mercado segue saudável

Apesar do crescimento dos BNDUs, especialistas do setor descartam riscos iminentes. Segundo Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a expansão da carteira de crédito é um fator determinante para o aumento dos imóveis retomados.

Ele enfatiza que a proporção de BNDUs em relação ao total de financiamentos caiu de 7,1% em 2023 para 6,8% em 2024, indicando que o mercado permanece equilibrado.

O consultor José Urbano Duarte reforça que, histórica e proporcionalmente, o setor está em uma situação muito mais favorável do que em crises passadas. Em 2019, por exemplo, os BNDUs chegaram a R$ 112 bilhões, o equivalente a 18,5% da carteira de crédito, um patamar bem acima do atual.

Desafios e perspectivas

A liquidação desses imóveis continua sendo um desafio para os bancos, especialmente em um cenário de juros elevados, que desestimula compradores. O diretor da Fitch Ratings, Claudio Gallina, destaca que a inadimplência no setor imobiliário encerrou 2024 no menor patamar histórico, apenas 1%.

Para ele, o mercado segue saudável, mas a capacidade das instituições financeiras de vender esses imóveis será determinante para evitar futuros impactos negativos.

A Caixa Econômica Federal negou qualquer possibilidade de crise e justificou o aumento dos estoques como um reflexo do crescimento da carteira de financiamentos e dos efeitos da pandemia.

No futuro, o comportamento dos juros e a demanda por imóveis serão fatores cruciais para definir a velocidade de redução desse estoque.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ