
- Iniciativa visa reforçar o capital e a capacidade de crédito de quatro grandes bancos chineses.
- Ministério das Finanças atua como investidor e reforça o papel do Estado na estabilidade econômica.
- Ações dos bancos sobem após o anúncio e analistas veem impacto positivo na liquidez e no crédito.
Os quatro maiores bancos estatais da China anunciaram um plano de capitalização que pretende movimentar 520 bilhões de iuanes — o equivalente a US$ 71,6 bilhões — com o objetivo de fortalecer o sistema financeiro e impulsionar a economia do país. A iniciativa foi divulgada no fim de semana, dias antes do fechamento do mês de março, e marca a maior movimentação conjunta dessas instituições desde o início do ano.
Segundo informações da agência estatal Xinhua e confirmadas pela CNN Brasil, os aportes virão de emissões privadas de ações e contarão com a participação direta do Ministério das Finanças, que atua como principal acionista. O anúncio busca reforçar a capacidade de concessão de crédito pelos bancos e atender à demanda interna por investimentos e consumo.
Essa decisão também surge em resposta ao cenário desafiador da economia chinesa, que ainda sofre os efeitos de uma recuperação desigual e pressões externas. Portanto, o governo sinaliza que pretende manter o controle sobre os motores do crescimento.
Distribuição dos valores entre os bancos estatais
O Banco da China pretende captar até 165 bilhões de iuanes, tornando-se o maior entre os quatro em termos de volume. O Banco de Construção da China deve levantar cerca de 105 bilhões, enquanto o Banco de Comunicações ficará com 120 bilhões. Por fim, o Banco de Poupança Postal da China deve captar 130 bilhões.
Esses valores, conforme explicado pelos bancos, vão reforçar o capital de nível 1, que é um dos principais indicadores de solidez das instituições financeiras. Ao fazer isso, os bancos aumentam sua capacidade de absorver riscos e expandir o crédito sem comprometer a segurança financeira.
Além disso, a recapitalização permite aos bancos lidar com o aumento das provisões de inadimplência, resultado da desaceleração do setor imobiliário e da demanda mais fraca por parte da indústria.
Governo intensifica esforços para estimular crescimento
Esse movimento do setor bancário acompanha uma série de medidas implementadas pelo governo chinês para sustentar o crescimento econômico em 2025. Além do pacote fiscal anunciado anteriormente, o governo vem incentivando setores estratégicos como tecnologia, energia verde e infraestrutura.
De acordo com analistas do Financial Times, a recapitalização não deve ser vista de forma isolada, mas sim como parte de uma estratégia ampla para reduzir a volatilidade nos mercados e restaurar a confiança dos investidores.
A participação do Ministério das Finanças nas emissões de ações demonstra o empenho do Partido Comunista em manter a estabilidade econômica e evitar riscos sistêmicos. Portanto, essa medida reforça o papel dos bancos estatais como instrumentos diretos da política econômica.
Mercado reage bem à iniciativa e prevê impacto positivo
Logo após o anúncio, as ações dos bancos subiram nas bolsas de Xangai e Hong Kong. O China Construction Bank teve alta de 3,5%, enquanto o Banco da China avançou 2,4%. O Banco de Comunicações e o Banco de Poupança Postal também fecharam com ganhos, embora mais modestos.
Analistas consultados pela Bloomberg destacam que o movimento trouxe alívio ao setor bancário, que vinha sofrendo pressões para manter a liquidez. Além disso, a medida reduz a necessidade de intervenções futuras mais agressivas, caso o crédito voltasse a travar.
Com mais recursos em caixa, os bancos podem ampliar empréstimos a empresas e consumidores, o que tende a dinamizar o mercado interno. Portanto, o impacto da capitalização será observado de perto nas próximas semanas.
O governo também espera que esse reforço inspire confiança nos investidores estrangeiros, que ainda demonstram cautela diante das tensões comerciais e da desaceleração global. A medida, nesse sentido, pode abrir espaço para mais fluxo de capital no médio prazo.