Inflação

BC admite novo estouro da meta da inflação

Banco Central admite descumprimento da meta de inflação em 2024 e projeta novo cenário para 2025

Arte: GDI
Arte: GDI

O Banco Central (BC) reconheceu oficialmente que a meta de inflação para 2024 será descumprida. De acordo com o relatório de inflação do quarto trimestre, divulgado nesta quinta-feira (19), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação, ultrapassará o teto do sistema de metas, que é de 4,5%. O BC revisou suas projeções para o ano e agora estima um IPCA de 4,9%, o que representa a terceira vez consecutiva em que a meta será descumprida nos últimos quatro anos, com exceção de 2023, quando o limite foi cumprido.

Até novembro, a inflação acumulada atingiu 4,29%, com expectativa de um fechamento de 2024 superior a 4,5%, caso a taxa de inflação de dezembro atinja os 0,58%, conforme projeção do mercado. A probabilidade de descumprimento da meta aumentou significativamente, passando de 36% para praticamente 100%, conforme análises do Banco Central.

Fatores que impulsionam a inflação

A inflação de 2024 foi fortemente influenciada por diversos fatores. A pior seca da história recente do Brasil, registrada em 2023, afetou o preço dos alimentos e da energia elétrica, com o acionamento das bandeiras tarifárias para controlar o consumo de energia. A escassez de chuvas, em particular, gerou impactos no abastecimento de produtos essenciais, elevando os preços para o consumidor final.

Além disso, a alta do dólar tem sido outro fator relevante. A moeda norte-americana alcançou novos recordes, fechando o dia de quarta-feira (18) a R$ 6,26, o que aumenta o custo dos produtos importados e impacta diretamente o preço de itens básicos. A desconfiança do mercado em relação às contas públicas e a crescente dívida do governo alimentam a pressão sobre a cotação do dólar, refletindo em uma alta generalizada nos preços.

A atividade econômica e os serviços

O forte ritmo da atividade econômica, impulsionado por gastos públicos elevados e a redução do desemprego, também tem pressionado a inflação, especialmente no setor de serviços. Esse crescimento tem levado a uma aceleração nos custos, contribuindo para o desajuste das metas de inflação, conforme apontam os analistas econômicos.

O impacto das decisões do Banco Central e o futuro da meta de inflação

Com o descumprimento da meta de inflação, o Banco Central será obrigado a enviar uma carta pública ao Ministério da Fazenda, detalhando as razões e medidas para corrigir o rumo da inflação. Não há penalidades para os dirigentes do BC, mas o descumprimento configura uma falha na condução da política monetária.

Para 2025, a expectativa do mercado é de novo descumprimento da meta, o que indica que os desafios econômicos continuarão. A partir de janeiro de 2025, o sistema de metas de inflação passará a ser “contínuo”, o que significa que a inflação será monitorada de forma acumulada ao longo do ano, em vez de uma única meta anual. Esse modelo é comum em economias desenvolvidas e visa oferecer maior flexibilidade na resposta a choques econômicos.

O cenário inflacionário de 2024 revela a complexidade das dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil. Com uma combinação de fatores climáticos, câmbio elevado e atividade econômica robusta, a inflação continua pressionando os brasileiros. O sistema de metas será reformulado em 2025, o que pode trazer novas perspectivas para a política monetária e desafios adicionais para o Banco Central.

Indicadores principais:

  • Inflação acumulada de janeiro a novembro: 4,29%
  • Projeção para dezembro: 0,58%
  • Projeção para 2024: 4,9%
  • Taxa de câmbio (dólar): R$ 6,26 (18 de dezembro de 2024)
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