- Em dezembro, o Brasil viu uma saída recorde de US$ 14,7 bilhões, impulsionada por dividendos e remessas de pessoas física
- O Banco Central vendeu US$ 16,76 bilhões em leilões à vista para equilibrar o fluxo de dólares e proteger as reservas
- A expectativa de novas tributações sobre os mais ricos pode ter motivado a antecipação de dólares para o exterior
Na última segunda-feira (23), o chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, foi questionado sobre a saída de dólares do Brasil. Portanto, se recusou a fazer qualquer comentário adicional.
Durante uma entrevista coletiva, Baldini afirmou que o tema já havia sido “exaustivamente comentado” pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. E, ainda, pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, em coletiva realizada na última quinta-feira (18).
Volatilidade das finanças
A recusa em comentar o fluxo de saída de dólares ocorre em um momento de grande volatilidade nas finanças internacionais, com um número crescente de fatores afetando a economia brasileira.
Baldini, no entanto, destacou que “dezembro tem uma oportunidade importante de saídas relacionadas a dividendos”. Assim, referindo-se ao tradicional pagamento de lucros por parte das empresas brasileiras no final do ano. Para ele, não havia mais nada significativo a acrescentar sobre o assunto.
Na última quinta-feira, durante a coletiva de imprensa, Campos Neto, presidente do BC, detalhou que o fluxo de saída de dólares pelo canal financeiro em dezembro superou a média dos últimos anos.
Esse movimento, no entanto, foi impulsionado não apenas pelas remessas de empresas, mas também pelo fluxo de saídas via pessoas físicas. E, especialmente, pelo pagamento de dividendos.
De acordo com Campos Neto, o Banco Central tem realizado intervenções no mercado cambial para mitigar os efeitos desse fluxo intenso de saída de dólares. Desde o dia 12 de dezembro, o BC já liquidou US$ 16,76 bilhões em leilões à vista. Dessa forma, o que representa 4,62% das reservas internacionais do País.
Preocupação para autoridades
O comportamento do mercado cambial tem sido uma preocupação para agentes financeiros e autoridades brasileiras.
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De acordo com informações apuradas pelo Estadão/Broadcast, a percepção no mercado é de que o aumento da saída de dólares pode estar ligado a temores de mudanças tributárias. Especialmente no que diz respeito à nova tributação sobre os mais ricos.
Isso se deve à proposta de compensação para a isenção de Imposto de Renda para pessoas com renda de até R$ 5 mil por mês. No entanto, o que pode ter gerado um movimento de antecipação de recursos para o exterior.
Volume de dólares
Com o volume de dólares saindo do País, o Banco Central segue monitorando de perto a demanda por moeda estrangeira.
De acordo com dados oficiais, entre os dias 1º e 19 de dezembro, o Brasil registrou uma saída recorde de US$ 14,7 bilhões, o maior valor registrado para o período desde o início da série histórica de 2008.
Esse dado reflete a intensidade do movimento, que tem gerado preocupações sobre os possíveis efeitos desse fluxo nas reservas internacionais e na estabilidade cambial do País.
O Banco Central, por meio de suas intervenções no mercado de câmbio, busca equilibrar o fluxo de entrada e saída de dólares, uma estratégia essencial para manter a estabilidade das reservas internacionais e do mercado cambial.
Embora o BC tenha atuado intensamente, há uma preocupação crescente sobre o impacto das saídas no câmbio e nas condições econômicas internas.
A combinação de fatores, como o pagamento de dividendos, a especulação sobre novas tributações e a política monetária do Banco Central, tem gerado um cenário de incerteza para o mercado financeiro brasileiro.
A ação do BC continua sendo um dos principais instrumentos para minimizar os impactos de um fluxo tão significativo de saída de dólares, mas o monitoramento contínuo da situação será fundamental para garantir que o movimento não prejudique a estabilidade da economia brasileira.
