
O Bitcoin (BTC), a criptomoeda mais conhecida do planeta, está vivendo um momento de forte recuperação e seus entusiastas já sonham com a marca psicológica dos US$ 100.000 por moeda. Se atingir esse valor, será a primeira vez desde fevereiro de 2025. E o grande motor por trás dessa subida parece ser o dinheiro institucional entrando com força no mercado através dos Fundos Negociados em Bolsa (ETFs) de Bitcoin.
Relatórios recentes, como o divulgado pela revista Fortune, mostram que esses ETFs tiveram uma semana espetacular, atraindo mais de US$ 3 bilhões em novos investimentos. Esse é o maior volume de entrada de dinheiro nesses fundos desde dezembro do ano passado. Para muitos analistas, esse fluxo massivo de capital para os ETFs funciona como um termômetro do sentimento do mercado, indicando que investidores, incluindo os grandes (institucionais), estão cada vez mais confiantes e vendo o Bitcoin como uma classe de ativo séria e viável para seus portfólios.
Essa onda de compras ajudou o Bitcoin a reverter uma tendência de queda anterior. Depois de cair para um mínimo de US$ 75.000 em 7 de abril, a criptomoeda deu a volta por cima, superando os US$ 95.000 já no dia 28 de abril, e agora flerta com valores ainda mais altos.
Gadi Chait, que é chefe de investimentos no Xapo Bank, comentou que esse movimento de preço é mais do que uma simples oscilação passageira. Para ele, isso sinaliza uma “disposição renovada” entre os investidores para voltar a apostar no mercado cripto. Chait acredita que a combinação das fortes entradas institucionais via ETFs com uma atividade otimista na negociação de opções (um tipo de contrato financeiro) está preparando o terreno para que o Bitcoin possa, sim, ultrapassar a barreira dos US$ 100.000 em um futuro próximo.
E não é só o Bitcoin que está sorrindo. A recuperação parece ser geral no mercado de criptomoedas. Outros ativos digitais importantes também registraram ganhos nas últimas semanas: o Ethereum (ETH) subiu 11%, o XRP avançou 9% e a Solana (SOL) valorizou 8%.
Essa melhora no humor do mercado vem logo após um período bastante turbulento. No início de abril, o anúncio de uma política de tarifas abrangente pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, causou um verdadeiro rebuliço nos mercados globais. O índice S&P 500, um dos principais indicadores da bolsa americana, chegou a perder US$ 2,5 trilhões em valor de mercado em um único dia (2 de abril). O medo de problemas nas cadeias de suprimentos e aumento da inflação fez com que muitos investidores fugissem de ativos considerados mais arriscados, o que incluiu as criptomoedas.
No entanto, a situação começou a se acalmar depois que Trump autorizou uma pausa temporária de 90 dias na maioria das tarifas, com exceção daquelas aplicadas sobre produtos da China. Essa pausa deu um respiro aos mercados.
Desde que essa trégua tarifária foi anunciada, a diferença de desempenho entre as ações tradicionais e o Bitcoin ficou evidente. Enquanto o S&P 500 subiu modestamente (cerca de 1%), o Bitcoin apresentou um ganho impressionante de 14%. James Butterfill, chefe de pesquisa na CoinShares, destaca essa divergência. Ele explica que, enquanto as ações sofrem pressão por causa das tarifas e da perspectiva de queda nos lucros das empresas, o Bitcoin está sendo cada vez mais visto por alguns investidores como um ativo de refúgio seguro (“safe haven”), justamente por não estar diretamente ligado a governos ou bancos centrais. Essa percepção pode estar ajudando a impulsionar seu preço em meio às incertezas econômicas globais.