Bitcoin resiste aos US$ 82mil, mas gerra comercial sacode mercados e criptos

O final de semana se aproxima, mas a calmaria parece distante dos mercados financeiros globais. Nesta sexta-feira (11), o Bitcoin (BTC), a criptomoeda mais conhecida e valiosa do planeta, demonstra uma certa resiliência, batalhando para se firmar na importante faixa de preço dos US$ 82 mil. Analisando o desempenho acumulado da semana, o BTC apresenta uma estabilidade notável, com uma valorização discreta de aproximadamente 0,5%. Essa performance pode parecer modesta, mas ganha relevância diante do cenário turbulento que afeta outros ativos.

No entanto, nem tudo são flores no universo cripto. Embora o dia de hoje mostre um tom majoritariamente positivo para a maioria das grandes criptomoedas (as chamadas altcoins), o panorama dos últimos sete dias revela perdas significativas. O Ethereum (ETH), segunda maior cripto em valor de mercado e base para muitos projetos de finanças descentralizadas (DeFi) e NFTs, é um exemplo claro dessa tendência, acumulando uma queda superior a 10% nesse período. Isso demonstra que, apesar da relativa força do Bitcoin, o sentimento de cautela ainda paira sobre o setor. Outras moedas importantes, como BNB e Dogecoin, também mostram perdas no acumulado semanal, refletindo a aversão ao risco.

Essa cautela não se restringe ao mundo digital. Nos mercados tradicionais, a situação é de divisão e incerteza. As bolsas asiáticas encerraram o pregão sem uma direção clara, com alguns índices em alta e outros em baixa. Na Europa, o cenário é semelhante, com os investidores buscando definir um rumo. Já os futuros de Wall Street (indicadores que apontam a tendência de abertura do mercado americano) sinalizam uma leve alta, mas a tensão é palpável.

Guerra Comercial Aquece e Impacta Mercados

O principal fator por trás dessa agitação global é a intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Durante a madrugada no Brasil, Pequim anunciou um aumento significativo nas tarifas de retaliação sobre produtos norte-americanos, elevando-as de 84% para impressionantes 125%. Essa medida é uma resposta direta às taxas de 145% impostas anteriormente pelos EUA sobre produtos chineses. Esse ciclo vicioso de taxações recíprocas cria um ambiente de grande instabilidade econômica global.

Esse “toma lá, dá cá” tarifário tem sido uma dor de cabeça constante para quem investe em ativos considerados de maior risco, categoria que inclui tanto as ações negociadas em bolsas de valores quanto as próprias criptomoedas. A incerteza sobre o futuro do comércio global, o aumento dos custos para empresas e consumidores e o potencial impacto no crescimento econômico levam muitos investidores a buscar refúgio em ativos mais seguros, pressionando os preços dos ativos de risco.

Volatilidade das Ações se Equipara à do Bitcoin: Um Sinal de Alerta

A consequência mais imediata dessa tensão é um aumento drástico na volatilidade – a intensidade e frequência das variações de preço. De forma surpreendente, a volatilidade de mercados tradicionalmente mais estáveis, como o de ações, atingiu níveis extremos. Segundo Eric Balchunas, renomado analista de ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos negociados em bolsa) da Bloomberg, um dos principais índices do mercado americano, o S&P 500, apresentou na última semana uma volatilidade comparável à do Bitcoin.