
O mercado de criptomoedas enfrentou um abalo significativo nas últimas 24 horas, com o preço do Bitcoin (BTC) caindo bruscamente de US$ 106.000 para US$ 98.000. Embora o valor tenha se recuperado parcialmente e esteja agora sendo negociado a US$ 102.000, o impacto da queda foi profundo, gerando um efeito cascata em todo o ecossistema cripto.
No mercado de futuros, as perdas superaram os US$ 400 milhões, conforme dados da Coinglass. A grande maioria dessas liquidações ocorreu em posições long (compradas), ou seja, traders que apostaram na alta do preço do Bitcoin. O restante das liquidações correspondeu a posições short (vendidas), que especulam sobre a queda dos valores.
Essas liquidações representam o fechamento forçado de posições alavancadas, uma estratégia amplamente utilizada no mercado de futuros. Com a alavancagem, os investidores utilizam capital emprestado pelas exchanges para ampliar suas apostas. No entanto, quando o movimento de preço é contrário à expectativa do trader e as perdas ultrapassam a margem inicial depositada, as exchanges liquidam as posições para evitar prejuízos maiores.
Motivos da queda do Bitcoin
A queda acentuada do preço do BTC foi atribuída às declarações do presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos, Jerome Powell. Em uma coletiva de imprensa após a reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), Powell afirmou que a instituição não tem intenção de manter Bitcoin em suas reservas, reforçando que essa decisão cabe ao Congresso. Essa declaração provocou uma reação negativa nos mercados, alimentando a incerteza entre investidores.
As falas de Powell surgem em um contexto de tensão política, especialmente com a promessa do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de criar uma reserva nacional estratégica de Bitcoin. A contradição entre os planos do Federal Reserve e as propostas políticas pode ter amplificado o receio do mercado.
Powell descarta inclusão de Bitcoin no balanço do Fed
Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (18), o presidente do Banco Central Americano (Fed), Jerome Powell, afastou a possibilidade de o banco central dos Estados Unidos adicionar Bitcoin ao seu balanço. Powell afirmou que a legislação atual, sob o Federal Reserve Act, não permite essa inclusão e que a instituição não busca alterações na lei. “Não temos permissão para possuir Bitcoin. O Federal Reserve Act especifica o que podemos possuir, e não estamos procurando uma mudança na lei”, declarou Powell.
“Esse é o tipo de decisão que cabe ao Congresso, mas não estamos solicitando nenhuma revisão legal.”
As declarações de Powell desencadearam uma leve correção no mercado de criptomoedas. O Bitcoin caiu 5,9%, cotado abaixo de US$ 100 mil, após atingir sua máxima histórica de US$ 108.000. A capitalização global do mercado de criptomoedas encolheu 7,6%, totalizando US$ 3,67 trilhões. Altcoins como Ethereum, XRP e Solana também sofreram quedas, variando entre 4% e 11%. A correção foi vista como uma resposta direta ao tom cauteloso adotado pelo Fed e às incertezas regulatórias.
Corte de juros e impactos no mercado financeiro
Além das declarações sobre criptomoedas, o Federal Reserve anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, estabelecendo uma faixa de 4,25% a 4,5%. A medida foi recebida com pessimismo pelos mercados tradicionais, com o S&P 500 e o Nasdaq Composite recuando 0,4%, enquanto o Dow Jones Industrial Average caiu cerca de 100 pontos, marcando seu 10º dia consecutivo de perdas.
Powell descreveu a política monetária como “significativamente menos restritiva” após uma redução acumulada de 1% nas taxas. Ele indicou que futuros cortes dependerão do comportamento da inflação e da saúde do mercado de trabalho em 2025.
Apesar da queda, analistas da Santiment enxergaram um possível sinal de resiliência no mercado de Bitcoin.
“O BTC manteve-se acima de US$ 100 mil e não caiu tão drasticamente quanto suas oscilações típicas. Isso pode sinalizar força quando a volatilidade se estabilizar nas próximas 24-48 horas”, afirmaram.