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Brasil fora do radar de investidores estrangeiros, diz Pinheiro Neto

Pinheiro Neto afirma que o Brasil tem enorme potencial mas depende de um projeto nacional pactuado entre as elites política e empresarial.

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  • Recentemente, a resposta tem sido unânime: “O Brasil não está mais no radar”
  • O advogado acredita que o Brasil possui um potencial enorme. No entanto, ele adverte que o país continuará sendo apenas “o país do futuro”
  • Meira expressou que “nossos problemas crônicos estão conduzindo o Brasil a se retirar do rumo da história”.

“O maior e mais tradicional escritório de advocacia de São Paulo, o Pinheiro Neto está no centro das grandes transações do Brasil corporativo, frequentemente assessorando multinacionais que investem no País”, cita o Brazil Journal.

No entanto, nas conversas mantidas com colegas do exterior, o CEO do escritório, Fernando Meira, tem se deparado com uma resposta incômoda. Assim, quando indaga como os clientes desses escritórios estão percebendo o Brasil.

Recentemente, a resposta tem sido unânime: “O Brasil não está mais no radar”.

O advogado acredita que o Brasil possui um potencial enorme. No entanto, ele adverte que o país continuará sendo apenas “o país do futuro”. Assim, se não houver um projeto nacional acordado entre as elites política e empresarial.

“O que o investidor quer é previsibilidade, estabilidade e segurança. O que o Brasil oferece é o oposto,” Meira citou ao conversar com o Brazil Journal.

“É zero segurança jurídica, com mudança nas regras o tempo todo.”

Meira expressou que “nossos problemas crônicos estão conduzindo o Brasil a se retirar do rumo da história”.

“Lá fora só se discute inteligência artificial e como ela vai impactar todo mundo. No Brasil, a gente fica discutindo Bolsonaro e Lula, resultado fiscal, tributação de blusinha,” afirma o advogado.

“Há uma sensação de fracasso do País. A gente não consegue dar seriedade para as discussões que precisam ser feitas.”

Demanda de clientes internacionais

O investidor estrangeiro não está mais considerando o Brasil. Novos investimentos não estão sendo realizados.

“A gente [o Pinheiro Neto] sempre foi um pulso: quando o Brasil vai bem e está bem posicionado, toda semana é um monte de checagem de conflito — de empresas, de investidores de diferentes geografias e segmentos – porque quando o Brasil vai bem ele atrai muito investimento da Europa, dos Estados Unidos, da Ásia.”

“Mas nos últimos anos, o que temos visto é que o investidor estrangeiro que já está no Brasil continua olhando para o País, porque é uma visão de longo prazo, um mercado que tem fundamentos sólidos, com mais de 200 milhões de pessoas, liderança na produção de commodities agrícolas, minerais, e que tem um mercado mais sofisticado.”

O Brasil possui um potencial enorme, mas continua a se limitar apenas a esse potencial. Nos últimos anos, o país está perdendo sua posição estratégica.

“Eu converso lá fora com todos os escritórios e pergunto como eles têm sentido o interesse dos clientes deles pelo Brasil. A resposta tem sido sempre a mesma: ‘Francamente, o Brasil não está mais no radar. Outras geografias estão muito mais atrativas’ “.

“E por que isso? Porque é difícil acompanhar o que acontece no Brasil. O que o investidor quer é previsibilidade, estabilidade e segurança. O que o Brasil oferece é o oposto! É zero segurança jurídica, com mudanças nas regras o tempo todo!”

Muitos que acreditaram nas promessas de “agora o Brasil vai” e acabaram se prejudicando. Historicamente, quando há sinalizações de progresso, as empresas investem e se endividam para expandir seus negócios, porém o país enfrenta recorrentes períodos de instabilidade.

As taxas de juros disparam, e a estrutura de capital das empresas entra em crise. Isso leva à reestruturação de dívidas e à venda de ativos. As empresas mais bem-sucedidas hoje são aquelas que lideram suas indústrias e aprenderam a adotar uma postura mais conservadora.

O impacto e as reações dos escritórios de advocacia

“Eu tenho muito essa discussão com os escritórios americanos. Eles falam que estão acompanhando, que estão preocupados, angustiados, mas que não estão fazendo nada. Estão tocando a vida como se não houvesse mudança no futuro. Por quê? Porque ninguém quer ser o primeiro que vai tomar qualquer iniciativa e correr o risco de errar a intensidade ou a velocidade.” Aponta o advogado.

Todos estão aguardando, “observando o tsunami se aproximar e se questionando sobre o que acontecerá” em seguida. “Quando soubermos a magnitude dessa ruptura, todos seguirão o mesmo roteiro”: reduzir pessoal, investir em tecnologia e tentar mudar o modelo de precificação para um baseado em custos fixos.

Porém, os clientes não permitirão que os escritórios aumentem suas margens. Portanto, esse movimento será deflacionário e terá um grande impacto na economia.

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