
A ONG Transparência Internacional – Brasil fez duras críticas à situação da corrupção no país em uma postagem na última sexta-feira (7). O estopim foi o acordo da Procuradoria-Geral da República (PGR) com o deputado federal André Janones (Avante-MG), que admitiu ter praticado “rachadinha” (peculato), mas não será processado.
“Alguma dúvida de que a corrupção foi normalizada no Brasil?”, questionou a ONG, que elabora o ranking mundial de percepção da corrupção. A crítica veio acompanhada de outros exemplos recentes de impunidade e da falta de ações efetivas do governo no combate à corrupção.
Acordo com Janones: “Sweetheart Deal” e Multa Parcelada
Janones, que confessou ter praticado o crime de peculato (conhecido popularmente como “rachadinha”, que é a apropriação de parte dos salários de assessores), fez um acordo com a PGR e escapou de um processo. Em vez disso, pagará uma multa considerada “irrisória” pela Transparência Internacional, em 12 vezes sem juros.
A ONG não poupou críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, acusando-o de não ter nenhum projeto efetivo de combate à corrupção. A Transparência Internacional também destacou o desmonte da Operação Lava Jato, a maior investigação sobre crimes de colarinho branco no país, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Retrato do Brasil em 2025”
Em sua postagem, a Transparência Internacional descreveu um cenário preocupante:
- O presidente Lula só menciona a palavra “corrupção” para criticar seu combate.
- O STF “anistia corruptos em série”.
- O crime de peculato é tratado com o apelido “carinhoso” de “rachadinha”.
- Um deputado confessa o crime, mas, em vez de ser preso, faz um acordo vantajoso com a PGR.
- Outros acusados do mesmo crime, como Arthur Lira e Flávio Bolsonaro, “desfrutam de impunidade total”.
Em 2024, o Brasil teve sua pior colocação na história no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional, ficando em 107º lugar entre 180 países. O país empatou com Nepal, Argélia, Malauí, Níger, Tailândia e Turquia.
Fatores que Contribuíram para a Queda no Ranking:
- Silêncio de Lula sobre a pauta anticorrupção.
- Permanência de Juscelino Filho no cargo de ministro das Comunicações, mesmo após indiciamento por corrupção, fraude em licitação e organização criminosa.
- Volta da influência de empresários que confessaram irregularidades, como os irmãos Joesley e Wesley Batista, que participaram de reunião no Palácio do Planalto com Lula.
O IPC avalia 180 países e territórios desde 1995, atribuindo notas de 0 (mais corrupto) a 100 (menos corrupto) com base na percepção de especialistas. Os países mais bem avaliados em 2024 foram Dinamarca, Finlândia, Cingapura e Nova Zelândia.
A Transparência Internacional deixa claro que a situação da corrupção no Brasil é alarmante e que a impunidade e a falta de ações concretas do governo contribuem para a percepção de que o crime compensa.