
- Negociação ainda é preliminar, mas reforça cenário de reacomodação no setor bancário brasileiro.
- Operação pode fortalecer estrutura do BRB e acelerar integração da nova aquisição.
- Analistas apontam que outros médios bancos devem buscar parcerias para ganhar escala e competir com fintechs.
O BTG Pactual estuda adquirir uma participação no Banco Master, mesmo após a venda do controle para o BRB, confirmada na última sexta-feira (29). A informação foi revelada nesta terça-feira (1°) pelo Estadão, indicando que o interesse do maior banco de investimentos da América Latina recai sobre uma possível aliança estratégica com o novo controlador da instituição.
Segundo fontes próximas à negociação, o BTG iniciou tratativas preliminares com o BRB para estudar uma eventual entrada minoritária na operação do Master. Ainda não há valores definidos ou proposta oficial, mas o movimento sinaliza que o banco de André Esteves vê sinergias na estrutura montada pelo empresário Daniel Vorcaro nos últimos anos.
A possível entrada do BTG não inviabiliza a venda de 100% do controle ao BRB. Pelo contrário: analistas entendem que a associação entre os dois pode fortalecer a estrutura do banco adquirido, dando acesso a uma base tecnológica mais robusta e maior capacidade de captação de recursos.
BTG vê sinergia em segmentos do Master e estrutura do BRB
O interesse do BTG decorre da atuação estratégica do Banco Master em áreas de crédito estruturado, financiamento imobiliário e assessoria para grandes fortunas. Esses segmentos são altamente complementares às frentes de atuação do BTG e poderiam impulsionar operações conjuntas, com ganhos de escala e redução de riscos.
Além disso, o Master já tem estrutura montada, equipes especializadas e carteira relevante de clientes de alto poder aquisitivo. Para o BTG, isso representa uma oportunidade de acelerar sua presença nesse nicho específico, sem necessidade de construir do zero.
Por outro lado, o BRB poderia se beneficiar do apoio de um sócio financeiro com grande expertise no setor. Isso ampliaria a capacidade de crescimento do banco brasiliense e daria solidez adicional à integração do Master. O BRB ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto, mas pessoas ligadas à diretoria confirmaram conversas iniciais.
Mercado vê movimento como sinal de consolidação do setor
A notícia do possível envolvimento do BTG no negócio acendeu um novo sinal no mercado financeiro. Especialistas afirmam que o setor bancário vive um momento de reacomodação, com instituições buscando alianças para fortalecer sua posição em nichos específicos.
Nesse cenário, o BRB surge como um novo protagonista. A compra do Banco Master já havia surpreendido o mercado pela ousadia da operação. Agora, com a chance de atrair um parceiro como o BTG, a instituição reforça seu papel em um mercado cada vez mais competitivo.
Analistas também destacam que a entrada de um sócio como o BTG poderia amenizar riscos da transação. A presença do banco de investimentos poderia acelerar a integração e reduzir o custo de capital necessário para expandir a operação do Master sob nova gestão.
Participação minoritária não muda controle, mas altera dinâmica
Embora o BRB tenha adquirido o controle integral do Banco Master, uma eventual venda de participação minoritária não afeta sua posição majoritária. Contudo, o ingresso do BTG mudaria a dinâmica da gestão e traria mais complexidade ao processo decisório.
Por isso, o avanço nas negociações dependerá de acordos claros sobre governança, definição de papéis e metas conjuntas. Fontes ligadas ao BTG indicam que o banco só entrará na operação se puder contribuir com know-how e participar de maneira ativa da estratégia.
Vale lembrar que o BTG Pactual já participa de outras iniciativas semelhantes. O banco tem histórico de investimentos em instituições menores, tanto no Brasil quanto no exterior, como forma de ampliar sua rede e presença setorial. Portanto, o interesse no Master segue essa mesma lógica de investimento estratégico.
Ainda não há previsão para o desfecho das conversas. A operação entre BRB e Master precisa ser aprovada pelo Banco Central, o que deve ocorrer nos próximos meses. Só depois disso será possível formalizar qualquer nova entrada societária.
Negociação pode gerar efeito cascata entre médios bancos
O movimento envolvendo BRB, Master e possivelmente o BTG pode abrir espaço para novas negociações no setor. Outras instituições de porte médio avaliam fusões ou parcerias como saída para enfrentar um cenário de maior regulação, competição com fintechs e pressão sobre margens de lucro.
Nesse contexto, o interesse do BTG é visto como validação do valor estratégico do Master. Mesmo após a venda, a estrutura montada por Daniel Vorcaro continua sendo atrativa, tanto pelo portfólio quanto pela capilaridade operacional.
Portanto, se confirmado, o acordo pode servir de modelo para outras operações semelhantes. A tendência de consolidação no setor bancário brasileiro deve se acelerar nos próximos trimestres, com bancos buscando alianças para garantir escala, eficiência e acesso a novos mercados.