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Cade as "novas empresas" da bolsa? IPOs passam pela maior seca dos últimos 25 anos

Foto/Reprodução GDI
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O mercado de ações brasileiro enfrenta uma crise preocupante, com quase dois anos sem a abertura de novas Ofertas Públicas Iniciais (IPOs). A escassez reflete a cautela crescente entre investidores e empresas, à medida que os juros aumentam tanto local quanto globalmente.


O mercado de ações brasileiro enfrenta uma crise marcante, com uma ausência notável de novas Ofertas Públicas Iniciais (IPOs) na Bolsa de Valores do Brasil. Esse período de quase dois anos sem empresas abrindo capital é a mais longa ausência desse tipo de operação no país desde os anos de 1997 e 1998, destacando as adversidades impostas por um cenário de elevação de juros, tanto local quanto globalmente.

Um estudo recente divulgado pelo jornal Valor Econômico revelou essa realidade desafiadora no setor financeiro brasileiro, onde a falta de IPOs reflete uma crescente cautela entre investidores e empresas. Em 2021, foram realizados 45 IPOs, mas apenas 9 deles registraram desempenho positivo, ficando atrás do índice Ibovespa.

Fernando Ferrer, analista da Empiricus, oferece uma perspectiva sobre essa tendência preocupante. Ele destaca que “as empresas até estão interessadas em abrir capital, mas os investidores estão mais receosos”. Uma das razões apontadas para essa relutância é a mudança nas condições de mercado, especialmente no que diz respeito às taxas de juros.

Ferrer ressalta que a era dos juros quase zero chegou ao fim, citando o exemplo dos Estados Unidos, que mantiveram taxas de juros próximas a zero por quase uma década, seguido pelo Brasil, que reduziu sua taxa de juros para 2% durante a pandemia. Com juros tão baixos, os investidores estavam dispostos a assumir mais riscos, o que levou muitas empresas a optarem por abrir capital na bolsa de valores.

No entanto, as circunstâncias econômicas mudaram drasticamente. Com o aumento das taxas de juros, os investidores tornaram-se mais cautelosos e avessos ao risco. Isso levou à hesitação das empresas em realizar IPOs, já que o mercado não oferece as condições ideais para a valorização das ações recém-emitidas.

O analista observa um contraste marcante com o ano de 2021, quando um grande número de IPOs foi realizado, muitos deles com a expectativa de arrecadar bilhões de reais com base em projeções otimistas de lucros futuros. No entanto, a realidade econômica atual torna essa estratégia cada vez mais questionável, uma vez que os investidores estão mais focados em minimizar riscos do que em buscar retornos excepcionais.

Essa situação coloca em evidência a necessidade de uma análise cuidadosa das condições do mercado antes de decidir abrir capital. As empresas que estão considerando um IPO agora precisam levar em consideração não apenas seus próprios fundamentos e perspectivas, mas também o ambiente econômico global e as expectativas dos investidores.

Enquanto a ausência de IPOs persiste no mercado brasileiro, é crucial que empresas e investidores permaneçam atentos às mudanças nas condições de mercado e estejam preparados para se adaptar a um ambiente em constante evolução. A retomada das Ofertas Públicas Iniciais pode depender da estabilização das condições econômicas e do retorno da confiança dos investidores no mercado de ações brasileiro.

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