
- “Cafake” mistura impurezas ao café e engana consumidores
- Produto não possui registro na Anvisa
- Questão levanta debate sobre fraudes alimentares e transparência nos rótulos
O chamado “Cafake” viralizou nas redes sociais como um exemplo extremo de produtos que parecem ser um item tradicional, mas são composições misturadas com ingredientes de menor qualidade.
Segundo Celírio Inácio da Silva, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o café é um monoproduto extraído do grão, enquanto o “Cafake” contém cascas, mucilagem, paus, pedras e outras impurezas.
A embalagem do produto lembra a de um café tradicional, mas traz a descrição “pó para preparo de bebida à base de café“. Além disso, o preço baixo chamou atenção: um pacote de meio quilo custa R$ 13,99, menos da metade do valor médio do café puro no varejo.
O impacto no consumidor
A prática levanta preocupações sobre fraude alimentar e falta de transparência nos rótulos. A Abic afirma que a Anvisa não registrou o ‘Cafake’, tornando sua comercialização irregular e potencialmente arriscada.
A confusão gerada por embalagens semelhantes a produtos autênticos já é um problema antigo no mercado brasileiro.
A indústria de alimentos frequentemente introduz “versões alternativas” de produtos populares, muitas vezes com composição inferior, sem deixar claro ao consumidor as diferenças.
Produtos que “parecem, mas não são”
O “Cafake” é apenas um exemplo de uma tendência maior de produtos que se passam por tradicionais, mas têm fórmulas modificadas para reduzir custos. Outros exemplos incluem:
- Bebida láctea vs. iogurte: A bebida láctea contém menos leite e mais ingredientes artificiais.
- Óleo composto vs. azeite de oliva: Mistura azeite com outros óleos vegetais de qualidade inferior.
- Creme culinário vs. creme de leite: Feito com gordura vegetal em vez de leite.
Esses produtos são legais desde que informem claramente a composição, mas muitos consumidores só percebem a diferença ao ler os rótulos com atenção ou após o consumo.
O que pode ser feito?
A polêmica do “Cafake” reacende o debate sobre a necessidade de uma legislação mais rigorosa para evitar fraudes alimentares. Organizações como o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) alertam que a falta de clareza nos rótulos prejudica a escolha consciente dos consumidores.
Para evitar enganos, especialistas recomendam:
- Ler os ingredientes com atenção antes de comprar um produto.
- Comparar preços e descrições para identificar diferenças entre produtos autênticos e similares.
- Denunciar produtos enganosos a órgãos de defesa do consumidor.
O caso do “Cafake” mostra como a fiscalização e a conscientização são essenciais para garantir que os brasileiros tenham acesso a alimentos autênticos e de qualidade.