
- O preço do café moído subiu 77,8% até março, segundo o IPCA, e já acumula alta de 30% só em 2025
- Safras afetadas por geadas, secas e calor no Brasil e no Vietnã, além do dólar forte e aumento da demanda externa
- Mesmo com preços recordes, o consumo de café no Brasil subiu 1,1% em 2024, alcançando 21,9 milhões de sacas
O café moído registrou, no entanto, uma impressionante alta de 77,8% nos últimos 12 meses até março, segundo o IPCA, divulgado nesta sexta-feira (11). Apenas em 2025, a elevação acumulada já alcança 30,04%, com variação mensal de 8,14% em março.
Esse aumento coloca o produto entre os principais responsáveis pela pressão inflacionária no país. Apesar de o IPCA geral ter desacelerado para 0,56% em março, esse foi o maior índice para o mês desde 2003, reflexo da disparada nos preços de itens alimentares básicos, incluindo o café, que está presente diariamente na mesa dos brasileiros.
Crise climática global e menor oferta explicam disparada
A forte elevação nos preços do café tem como pano de fundo uma redução significativa na oferta global. Problemas climáticos em países produtores, como o Vietnã (segundo maior exportador mundial), afetaram duramente a safra.
O Brasil, maior produtor do mundo, também vem enfrentando anos difíceis. Segundo o ministro Paulo Teixeira, o setor cafeeiro sofre há quatro anos com eventos climáticos severos. Contudo, incluindo geadas, secas prolongadas e agora altas temperaturas.
“A lavoura cafeeira está entre as mais sensíveis às mudanças climáticas. A baixa produção, aliada à alta demanda internacional e ao fortalecimento do dólar, tem escoado boa parte da produção para o mercado externo”, explicou o ministro.
Com isso, há menos produto disponível para o mercado interno, elevando ainda mais os preços para o consumidor brasileiro.
Consumo interno segue firme, mesmo com preços em alta
Apesar do aumento expressivo nos preços, o consumo de café torrado e moído no Brasil cresceu 1,1% entre 2023 e 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Foram consumidas 21,9 milhões de sacas de 60 kg neste período, o que equivale a 40,4% da safra nacional do ano passado. A demanda aquecida evidencia, portanto, a importância cultural e alimentar do café no país, mesmo em um cenário de inflação.
O Brasil continua sendo o segundo maior consumidor global da bebida, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que superaram o volume nacional em 4,1 milhões de sacas.
A combinação entre demanda resistente, produção afetada pelo clima e câmbio desfavorável desenha um panorama desafiador para o setor. E, claramente, para o bolso do consumidor, que deve continuar sentindo os efeitos no curto prazo.