
- Pequim formalizou uma queixa na OMC e prometeu adotar contramedidas caso os EUA avancem com novas tarifas.
- O bloco europeu alertou para os riscos de recessão global e pediu soluções institucionais para a crise.
- Bolsas subiram com moderação, porém investidores seguem atentos ao risco de novos choques entre as potências.
A China formalizou uma consulta à Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta semana como reação às novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Além disso, o governo chinês prometeu “lutar até o fim” e adotar contramedidas, caso as novas tarifas se confirmem.
Nesse sentido, a União Europeia pediu moderação às potências e alertou para os riscos econômicos de uma guerra tarifária. Enquanto isso, os mercados financeiros reagem com cautela, embora sem entrar em pânico.
China endurece discurso e recorre à OMC
Após o anúncio do governo americano sobre um possível aumento de até 50% nas tarifas sobre produtos chineses, o Ministério do Comércio da China respondeu com veemência.
Pequim acusou Washington de desrespeitar os compromissos internacionais e de recorrer a estratégias de intimidação econômica. Como reação, a China acionou formalmente a OMC, abrindo um processo de consulta para questionar a legalidade das tarifas impostas pelos EUA.
Essa consulta é o primeiro passo dentro do sistema de resolução de disputas da OMC. Se as partes não chegarem a um acordo durante essa etapa, um painel será instaurado, o que pode levar meses para julgamento.
Mesmo assim, o gesto representa um esforço diplomático da China para manter o embate dentro dos limites institucionais.
Europa pede diálogo e teme colapso comercial
A Comissão Europeia publicou uma nota oficial pedindo que as duas maiores economias do mundo recuem das ameaças e retomem o diálogo.
Bruxelas afirmou que a escalada da tensão comercial coloca em risco cadeias de abastecimento globais e ameaça setores estratégicos como o de energia, tecnologia e alimentos.
Além disso, os europeus lembraram que os efeitos de uma guerra comercial tendem a atingir países emergentes de forma mais intensa.
Portanto, sugeriram que tanto China quanto Estados Unidos atuem dentro dos canais multilaterais para evitar danos à economia mundial.
Trump reforça tom eleitoral e ameaça novas tarifas
Donald Trump declarou publicamente que “não irá tolerar mais abusos comerciais por parte da China”. Durante evento em Ohio, o presidente dos EUA afirmou que as tarifas visam proteger os trabalhadores americanos e corrigir desequilíbrios históricos no comércio exterior.
Apesar do tom firme, analistas acreditam que a retórica de Trump tem também objetivos eleitorais. Ao falar com ênfase sobre empregos e produção nacional, o presidente busca fortalecer sua imagem junto à base conservadora.
Entretanto, associações empresariais dos EUA já expressaram preocupação com os efeitos inflacionários das tarifas sobre o consumidor final.
OMC vira palco de disputa comercial
A decisão da China de buscar respaldo na OMC é vista como estratégica por especialistas. Segundo analistas internacionais, ao recorrer ao sistema multilateral, o país asiático tenta demonstrar disposição para negociar com base em regras — algo que pode atrair apoio diplomático.
Além disso, o gesto pressiona os EUA a justificar suas medidas diante da comunidade internacional.
No entanto, o processo dentro da OMC costuma ser moroso, e as decisões nem sempre são respeitadas por todas as partes envolvidas.
Bolsas reagem com cautela, mas mantêm otimismo
Apesar da tensão crescente, os mercados financeiros não registraram quedas bruscas. Em Tóquio, o índice Nikkei subiu 6% após uma semana de perdas.
Já as bolsas de Xangai e Hong Kong fecharam em alta moderada, sinalizando que investidores esperam solução negociada.
Na Europa, os principais índices abriram no azul, puxados por ações de tecnologia e energia. Especialistas em mercado financeiro acreditam que a formalização do processo na OMC ajuda a conter o pânico, embora o risco de escalada permaneça no radar.