Cenário desafiador

Com cotações em baixa, companhias avaliam fechamento de capital na B3

O cenário desafiador da B3, marcado por quedas expressivas no valor das ações, tem levado diversas empresas a buscar estratégias.

acoes bolsa de valores
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  • Quedas expressivas na B3 levam companhias a estudarem estratégias com bancos para evitar desvalorização
  • Empresas adotam proteções diante do cenário de preços descolados dos fundamentos econômicos
  • Desempenho operacional sólido não impede forte desvalorização de ações

O cenário desafiador da Bolsa de Valores brasileira (B3), marcado por quedas expressivas no valor das ações, tem levado diversas empresas a buscar estratégias para mitigar os impactos e evitar movimentos adversos no mercado.

Algumas companhias recorrem a bancos de investimento para avaliar a viabilidade do fechamento de capital, enquanto outras adotam medidas de proteção para impedir aquisições hostis.

O fenômeno reflete uma percepção generalizada de que os preços das ações estão descolados dos fundamentos econômicos, afetando empresas que, apesar de bons resultados operacionais, enfrentam forte desvalorização.

Fechamento de capital ganha força

Com as cotações em patamares historicamente baixos, algumas empresas consideram sair da bolsa como alternativa para reduzir a volatilidade e ganhar flexibilidade financeira. Entre as que já encaminharam ou anunciaram pedidos de fechamento de capital estão Carrefour (CRFB3), Wilson Sons (PORT3), Santos Brasil (STBP3) e Eletromídia (ELMD3).

A Serena Energia (SRNA3) também avalia essa possibilidade, impulsionada pela percepção de que o mercado não está precificando corretamente seu valor futuro. Para empresários, sair da bolsa pode facilitar a captação de recursos via dívida, sem a necessidade de prestar contas constantemente ao mercado acionário.

Segundo o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, a onda de deslistagem deve ser passageira e reflete uma distorção de preços.

“A Bolsa está barata. O mercado não está atribuindo corretamente o valor futuro dessas companhias”, afirmou em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Já para banqueiros, 2024 pode ser um ano atípico na renda variável, com mais empresas fechando capital do que abrindo.

Medidas de proteção

Além de avaliar o fechamento de capital, algumas companhias implementam medidas para proteger suas estruturas acionárias. Isso inclui a celebração de acordos entre acionistas e ajustes em cláusulas que limitam aumentos de participação no capital, dificultando a entrada de investidores oportunistas.

Essas ações visam prevenir tentativas de ofertas hostis de compra, um risco maior em momentos de forte desvalorização das ações.

Setores como construção civil, petroquímico e transportes foram fortemente afetados pelas quedas. Nos últimos 12 meses, algumas ações registraram desvalorizações superiores a 50%.

Entre os destaques negativos estão Gafisa (GFSA3), com queda de 87%; Braskem (BRKM5), que recuou 59%; Vamos (VAMO3), com perda de 50%; e Raízen (RAIZ4), que desvalorizou 48%. Essas quedas reforçam, no entanto, a necessidade de medidas defensivas para evitar movimentações adversas no mercado.

Fatores internacionais e domésticos

O desempenho negativo da B3 decorre de múltiplos fatores, tanto externos quanto internos. No cenário internacional, a instabilidade geopolítica e as políticas adotadas por Donald Trump, têm gerado cautela entre investidores.

Já no Brasil, o avanço da dívida pública, somado à pressão inflacionária, exige uma política monetária mais rígida, o que impacta diretamente o mercado acionário. Além disso, problemas setoriais específicos e altos níveis de endividamento também contribuem para o cenário de incerteza.

Diante desse quadro, a tendência de fechamento de capital e adoção de medidas de proteção deve continuar enquanto o mercado não sinalizar uma recuperação mais consistente.

Com a percepção de que muitas empresas estão subvalorizadas, investidores seguem atentos às movimentações de companhias que buscam, portanto, alternativas para proteger seu valor e evitar perdas adicionais.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ