
- Juros elevados pressionam consumo: Com taxas de juros entre 15% e 15,5%, o consumo e a confiança das famílias sofrem impactos negativos
- Estratégias de sobrevivência: Empresas adotam repasse de preços, ganhos de eficiência e redução do ritmo de expansão para manter rentabilidade
- Resultados mistos do Magazine Luiza: Lojas físicas performam bem, mas vendas online continuam decepcionando no 4T24
Nesta semana, o setor varejista esteve em destaque com a divulgação dos balanços do quarto trimestre de 2024 (4T24) por grandes empresas como Magazine Luiza (MGLU3), Natura (NTCO3), Casas Bahia (BHIA3), Azzas 2154 (AZZA3) e Vulcabras (VULC3).
Em meio a um cenário macroeconômico desafiador, com juros elevados e pressão sobre o consumo, as empresas têm adotado estratégias para manter as vendas e melhorar a rentabilidade.
Gustavo Senday, analista de varejo da XP, destacou no programa Morning Call da XP, nesta sexta-feira (14), que as companhias estão fazendo o possível para enfrentar os desafios atuais.
“Com juros apontando para 15%, 15,5%, é um cenário que, na nossa visão, deve contribuir negativamente para o consumo e a confiança das famílias. Além disso, a renda disponível deve sofrer este ano”, avaliou.
Apesar das dificuldades, Senday ressaltou que as empresas estão agindo de forma estratégica.
“Elas estão fazendo o que podem para se adaptar ao cenário”, afirmou.
Entre as medidas adotadas, estão o repasse de preços, ganhos de eficiência e revisão do ritmo de expansão.
Repasse de preços e eficiência
Um dos principais pontos destacados por Senday foi o esforço das empresas em repassar os preços ao máximo, visando melhorar a rentabilidade.
“Elas têm tentado repassar o preço ao máximo, o que é crucial para manter a margem em um cenário de custos elevados”, explicou.
Além disso, o ganho de eficiência tem sido um fator importante para equilibrar as contas. Outra estratégia adotada por algumas companhias foi a revisão do ritmo de expansão.
“Algumas delas estão até reduzindo o ritmo de crescimento para tentar combater esse cenário macroeconômico desfavorável”, ressaltou o analista.
Apesar dos desafios, Senday prevê que as empresas devem atingir uma geração de caixa mais robusta em 2025.
Desafios da demanda e crédito elevado
Raphael Figueredo, estrategista de ações da XP, que também participou do Morning Call, concordou com os desafios enfrentados pelo varejo.
“Há uma percepção de desaceleração econômica. Por outro lado, o crédito, de alguma forma, continua elevado. O contexto está razoavelmente bem, mas longe de um cenário maravilhoso”, comentou.
Figueredo destacou que, apesar das dificuldades, as empresas têm conseguido entregar resultados.
“Elas estão conseguindo se adaptar e apresentar números que refletem um esforço significativo”, afirmou.
Magazine Luiza e os resultados mistos
O Magazine Luiza foi um dos destaques nos balanços do 4T24, apresentando resultados mistos. De acordo com Gustavo Senday, a empresa permanece pressionada pelo cenário macroeconômico e pelo ambiente competitivo.
“Quando se olha o crescimento de receita, a empresa permanece crescendo em um dígito baixo”, apontou.
O desempenho foi puxado principalmente pelas lojas físicas, que apresentaram resultados melhores. No entanto, a parte online ainda decepcionou.
“O crescimento é a parte mais negativa do resultado, muito pressionada pelo cenário macro e um ambiente competitivo desafiador”, destacou Senday.