
- Aumento do ICMS sobre compras internacionais vai subir de 17% para 20%
- O reajuste, somado à alta do dólar, tornará as compras internacionais menos vantajosas
- O aumento pode beneficiar o comércio interno, que precisará melhorar preços e serviços para atrair os consumidores
O consumidor brasileiro que costuma comprar em sites como Shein, AliExpress e Shopee precisa se preparar para pagar mais. A partir de abril de 2025, a alíquota do ICMS sobre produtos importados subirá de 17% para 20%, encarecendo as compras feitas em plataformas estrangeiras.
O aumento da tributação pretende equilibrar a concorrência com o comércio nacional, mas pode pesar no orçamento de quem depende desses sites para economizar. Com isso, muitos consumidores já começam a buscar alternativas para minimizar os impactos financeiros da nova regra.
Importados ficarão ainda mais caros
A nova alíquota impactará já nas primeiras compras realizadas após a mudança. O governo federal aplica tarifas de 20% sobre produtos importados de até 50 dólares desde 2024. Agora, com o ICMS mais alto, a carga tributária total pode alcançar 60% do valor dos produtos. Logo, quem antes pagava R$ 100 por um item, precisará desembolsar até R$ 160, tornando as compras internacionais menos atraentes para os consumidores que buscam economia.
O aumento dos impostos se soma à alta do dólar, tornando as compras internacionais ainda mais caras. Para muitos brasileiros, recorrer a sites estrangeiros era uma forma de driblar os preços elevados do varejo nacional, especialmente no setor de moda e eletrônicos. No entanto, com a mudança na tributação, esse cenário tende a se transformar, obrigando os consumidores a repensarem seus hábitos de compra e buscarem novas estratégias para economizar.
Além do impacto no bolso, há preocupações sobre a possível redução na variedade de produtos acessíveis ao consumidor médio. Muitas plataformas asiáticas ofereciam itens que não eram facilmente encontrados no mercado brasileiro, e a nova taxação pode dificultar esse acesso. Quem dependia dessas compras para revenda também enfrentará desafios, pois o aumento dos custos pode inviabilizar pequenos negócios que lucravam com a importação.
Redução nas compras
As novas regras já começaram a impactar o volume de pedidos internacionais. Entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, a importação de produtos de até 50 dólares caiu 40%. Em janeiro deste ano, o número de pacotes recebidos no Brasil ficou 27% abaixo do registrado no mesmo mês do ano anterior. Esse movimento pode beneficiar o comércio nacional, especialmente grandes varejistas como Renner, C&A e Magazine Luiza, que enfrentavam forte concorrência dos sites asiáticos e agora veem uma oportunidade de recuperação.
Para os empresários brasileiros, a medida representa uma chance de reconquistar espaço no mercado. No entanto, especialistas alertam que, para competir justamente, o varejo nacional precisa oferecer preços mais acessíveis e um mix de produtos atrativos para os consumidores que migravam para as plataformas internacionais. Se os preços continuarem elevados e o atendimento não melhorar, parte dos consumidores pode simplesmente reduzir o consumo ou buscar alternativas menos convencionais.
Além disso, a logística de entrega pode se tornar um diferencial competitivo. Enquanto plataformas como Shopee e AliExpress investem em soluções de frete rápido e preços baixos, o varejo brasileiro ainda precisa melhorar sua eficiência.
Consumidores terão que se adaptar
Com as compras internacionais se tornando menos vantajosas, consumidores brasileiros devem buscar novas estratégias para economizar. Para alguns, a alternativa pode ser procurar ofertas no mercado interno, enquanto outros podem reduzir o consumo ou aguardar promoções para minimizar o impacto da tributação. Algumas empresas também podem explorar novos formatos de venda, como clubes de assinatura e compras coletivas, para atrair consumidores que buscam economia.
O comércio eletrônico nacional pode se fortalecer se souber aproveitar a nova realidade do mercado. No entanto, caso os preços permaneçam elevados e a qualidade dos produtos não atenda às expectativas dos consumidores, as plataformas estrangeiras podem continuar sendo uma opção, mesmo com os impostos mais altos. Estratégias como cashback e cupons de desconto podem ser alternativas para manter os clientes fiéis ao mercado interno.
A longo prazo, as mudanças ainda geram incertezas. Se, por um lado, a taxação protege o varejo nacional e pode gerar mais empregos no Brasil, por outro, limita a liberdade de escolha do consumidor e pode ter impactos negativos no comércio digital. Ainda não está claro se os preços no mercado interno serão ajustados para tornar a concorrência mais justa ou se os consumidores acabarão arcando integralmente com o aumento dos impostos.