
- Reestruturação pós-privatização aumentou a eficiência e valorizou as ações da Copel.
- Nova política de dividendos pode elevar o payout para 100% do lucro líquido.
- BTG recomenda compra com potencial de valorização de quase 50% e dividend yield crescente.
A Copel (CPLE6) deve anunciar em maio uma nova política de dividendos, potencializando sua atratividade para investidores. Analistas do BTG Pactual destacam que a empresa, após reestruturações significativas desde sua privatização, pode oferecer dividend yields superiores a 12% nos próximos anos.
Reestruturação pós-privatização impulsiona resultados
Desde sua privatização em agosto de 2023, a Copel tem passado por um processo profundo de reestruturação liderado pelo CEO Daniel Slaviero. As mudanças incluem cortes significativos de custos, redução do quadro de funcionários de cerca de 6.000 para 4.300, terceirização de funções não estratégicas e venda de ativos considerados não essenciais. Entre as principais alienações estão a distribuidora de gás Compagas, vendida por quase R$ 1 bilhão, e a termelétrica a gás UEGA, negociada por R$ 320 milhões.
Além disso, a Copel redesenhou sua estrutura organizacional, adotando uma hierarquia mais enxuta e implementando uma cultura corporativa voltada para resultados. No nível executivo, foram contratados profissionais experientes, como o CFO Felipe Gutterres, com passagens por Wilson Sons e Shell, e André Gomes, ex-CPFL, AES Brasil e Aneel, como diretor de regulação e mercado. Essas ações visam tornar a companhia mais eficiente e competitiva no setor energético.
Como resultado dessas iniciativas, a Copel apresentou melhora consistente nos resultados financeiros e operacionais. A empresa, avaliada atualmente em R$ 30 bilhões na B3, viu suas ações subirem 25% desde a privatização. Isso demonstra uma resposta positiva do mercado, ainda que analistas apontem que a companhia ainda não seja plenamente reconhecida como uma pagadora recorrente de dividendos.
Portanto, é nesse contexto que surge a expectativa por uma nova política de distribuição de lucros. A mudança poderá consolidar uma percepção mais atrativa para investidores focados em renda passiva, especialmente em setores tradicionalmente defensivos como o elétrico.
Nova política de dividendos em desenvolvimento
Atualmente, a Copel distribui 50% do lucro líquido como dividendos, com adicionais pagos esporadicamente como dividendos extraordinários. Segundo o analista Antonio Junqueira, do BTG Pactual, esse modelo não garante previsibilidade, um fator cada vez mais valorizado pelos investidores do mercado de capitais.
A expectativa é que a nova política, com anúncio previsto para maio, seja vinculada a metas financeiras de alavancagem. Se a empresa estabelecer um teto de dívida líquida de até três vezes o EBITDA, poderá distribuir 100% do lucro líquido como dividendos por pelo menos uma década, graças à sua robusta geração de caixa.
Esse novo posicionamento pode transformar a Copel em uma referência nacional na distribuição de dividendos, especialmente entre as empresas listadas do setor elétrico. Além disso, o aumento da previsibilidade tende a atrair novos investidores institucionais e de varejo interessados em fluxo de renda constante.
De acordo com as projeções do BTG, um payout de 100% pode gerar dividend yields crescentes: 7% em 2025, 8,9% em 2026, 10,8% em 2027 e até 12,7% em 2028. Em 2024, a empresa já entregou um yield de 7,4%, reforçando o potencial de crescimento dos proventos.
Avaliação do mercado e recomendações
Analistas do BTG Pactual reiteram recomendação de compra das ações da Copel, com preço-alvo de R$ 15, o que representa uma valorização de aproximadamente 49% em relação à cotação atual de R$ 10. A empresa opera com uma TIR real de 11%, superior à média do setor, que varia entre 6% e 8%, indicando clara vantagem competitiva.
Com a implementação da nova política de dividendos, é esperada uma reprecificação positiva da ação, já que o mercado tende a valorizar empresas com alta previsibilidade de retorno ao acionista. A estabilidade do setor elétrico reforça essa atratividade, além de fornecer segurança adicional aos investidores em tempos de maior volatilidade econômica.
Ademais, o cenário macroeconômico, com juros mais altos e busca por ativos geradores de renda, favorece empresas com forte política de distribuição. Por esse motivo, a Copel desponta como uma oportunidade de investimento com bom retorno e risco controlado.
Investidores que buscam ações com perfil de dividendos devem acompanhar de perto os próximos passos da companhia. O anúncio oficial da nova política poderá representar um divisor de águas em sua estratégia de mercado.
Perspectivas futuras e considerações finais
A Copel vive um momento decisivo em sua trajetória como companhia de capital aberto. As transformações realizadas desde sua privatização evidenciam um forte compromisso com eficiência, governança e geração de valor ao acionista. Agora, com o foco voltado à consolidação como uma empresa pagadora de dividendos, o mercado deve reagir positivamente às novas diretrizes.
Com uma estratégia pautada em corte de custos, foco em ativos essenciais e valorização de performance, a empresa se posiciona para competir em pé de igualdade com gigantes do setor elétrico. A nova política de dividendos pode ser o elemento final que faltava para consolidar sua atratividade no mercado.
Além disso, a clareza e a transparência nas comunicações com os acionistas serão fatores críticos para o sucesso dessa nova fase. Se bem executada, a estratégia pode impulsionar o valor da Copel não apenas financeiramente, mas também em termos de percepção no mercado de capitais.
Em suma, a Copel se apresenta como uma excelente oportunidade de investimento. A junção entre fundamentos sólidos, gestão eficiente e uma política de dividendos mais agressiva pode consolidar a companhia como uma das líderes em geração de valor para acionistas no Brasil.