- Com a Selic projetada em 15,25%, JPMorgan reforça preferência por construtoras de baixa renda, como Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3)
- Juros elevados podem desacelerar a velocidade de vendas de empresas como Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3), reduzindo o apetite do consumidor
- Ambas mantêm margens sólidas, alta velocidade de vendas e atrativos potenciais de valorização até 2025, segundo o banco
- Apoio do programa MCMV e PIB positivo devem sustentar o desempenho das empresas de baixa renda, mesmo com juros elevados
Com a previsão de que a taxa Selic alcance 15,25% até o final de 2025, o JPMorgan reafirmou sua preferência por construtoras voltadas ao segmento de baixa renda e de alta qualidade. Destacando, no entanto, a Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3). Ambas mantêm recomendação de compra e preços-alvo de R$ 35 e R$ 24, respectivamente. Contudo, devido à resiliência do setor frente ao cenário macroeconômico desafiador.
A expectativa de juros mais elevados deve impactar de forma distinta os segmentos do mercado imobiliário. Para as construtoras de média e alta renda, como Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3), o aumento nos custos de financiamento e a menor disposição do consumidor para contrair dívidas podem desacelerar a velocidade de vendas no curto prazo.
Velocidade
Segundo estimativas do banco, o aumento de 300 pontos-base na Selic poderá reduzir essa velocidade entre 90 e 210 pontos-base no segmento. Ainda, com base em dados do Secovi na cidade de São Paulo.
Por outro lado, o setor de baixa renda apresenta maior proteção contra as adversidades econômicas. Programas como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que têm recebido contínuos aumentos no orçamento do FGTS, e a sólida execução de empresas como Direcional e Cury, sustentam a visão positiva do banco.
O segmento também se beneficia da demanda constante e da capacidade dessas empresas de manter margens atrativas. Além da geração de caixa robusta, mesmo em um cenário de taxas elevadas.
Destaques da Cury e Direcional
A Cury (CURY3) é apontada como uma das principais escolhas do JPMorgan devido a três fatores principais. Sendo: retornos superiores, com expectativa de ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) em torno de 60% nos próximos dois anos; potencial de alta de 27% até dezembro de 2025; e uma execução premium, que se reflete em margens, velocidade de vendas e fluxo de caixa melhores que seus concorrentes.
A exposição estratégica ao programa MCMV e ao mercado de Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, impulsionado pelas recentes mudanças no zoneamento, fortalece seu diferencial competitivo.
Já a Direcional (DIRR3) se destaca por sua história sólida de execução no segmento de baixa renda. Com lançamentos que ultrapassam R$ 3 bilhões desde 2021 e parcerias estratégicas. Ainda, como a colaboração com a XP no desenvolvimento da subsidiária Direto, a empresa apresenta margens crescentes e um Preço/Lucro atrativo de 6,3 vezes para 2025.
O banco também vê um potencial de valorização de 27% no mesmo período. Dessa forma, reforçando sua avaliação positiva.
Perspectivas para o mercado imobiliário
Apesar do impacto esperado no segmento de média e alta renda, o JPMorgan acredita que o PIB positivo projetado para 2025, aliado ao orçamento crescente do FGTS, será um importante contraponto à alta da Selic.
Diferentemente do período de 2014 a 2016, quando a combinação de juros elevados e PIB negativo reduziu a velocidade de vendas e pressionou margens. A expectativa, no entanto, para 2025 é de um mercado mais equilibrado.
As empresas de baixa renda devem continuar liderando o setor, com velocidades de vendas previstas entre 50% e 57%, e margens brutas de 29% a 36%. O segmento demonstra resiliência e reforça a visão do JPMorgan ao posicionar Direcional e Cury como apostas sólidas para enfrentar o novo ciclo econômico.