
O mercado de criptomoedas no Brasil pode estar prestes a passar por uma grande transformação. Um projeto de lei, proposto pela senadora Soraya Thronicke (PODEMOS/MS), quer colocar ordem na casa e trazer mais segurança para quem investe em Bitcoin e outras moedas digitais. A proposta está sendo debatida no Senado e promete dar o que falar.
Uma das principais mudanças propostas é a segregação patrimonial. Calma, não precisa se assustar com o nome complicado! Na prática, isso significa que as corretoras de criptomoedas (aquelas empresas onde você compra e vende Bitcoin, Ethereum, etc.) serão obrigadas a separar o dinheiro dos clientes do dinheiro da própria empresa.
Hoje em dia, muitas corretoras misturam tudo, o que pode ser um problemão. Se a empresa quebrar ou for alvo de um ataque hacker, por exemplo, o seu dinheiro pode ir pelo ralo junto com o dela. Com a segregação patrimonial, seus investimentos ficam protegidos em uma conta separada, como acontece nos bancos e corretoras de ações.
A Discussão Não é Nova: Segregação Patrimonial Já Era Debate Antes da Lei de 2022
A ideia de separar o dinheiro dos clientes do dinheiro das corretoras não é nova. Essa discussão já rolava antes mesmo da aprovação da Lei nº 14.478/2022, que foi um primeiro passo para regular o mercado de criptomoedas no Brasil. No entanto, a lei acabou não obrigando as corretoras a fazer essa separação, embora algumas já tenham começado a fazer por conta própria.
Outra mudança importante que o projeto de lei propõe é a obrigatoriedade de que todas as corretoras de criptomoedas que operam no Brasil tenham CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), mesmo que sejam empresas estrangeiras.
Hoje, muitas corretoras gringas funcionam por aqui sem ter CNPJ, o que dificulta a fiscalização e a proteção dos investidores brasileiros. Com a nova regra, todas as corretoras terão que seguir as leis brasileiras e prestar contas às autoridades, o que aumenta a segurança para quem investe.
Mais Poder para as Associações do Setor: Autorregulação em Alta
O projeto de lei também quer dar mais autonomia para as associações do setor de criptomoedas. A ideia é que elas possam participar mais ativamente da criação de regras e da fiscalização do mercado, aliviando um pouco a carga do Banco Central e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que são os órgãos responsáveis por regular o mercado financeiro no Brasil.
O Que Diz o Relator: Ajustes na Lei Existente, Não Uma Nova Lei
O senador Carlos Viana (PODEMOS/MG), relator do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), reconheceu que a proposta é importante, mas sugeriu alguns ajustes. Ele defende que as mudanças sejam incorporadas à Lei nº 14.478/2022, que já existe, em vez de criar uma nova lei.
Segundo o senador, isso evitaria conflitos entre as leis e tornaria a fiscalização mais eficiente. A CAE concordou com o relator e aprovou o projeto, mas com a condição de que as mudanças sejam feitas na lei que já está valendo.
O projeto de lei ainda tem um longo caminho pela frente. Ele agora vai ser analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Na próxima quarta-feira, 19, os senadores voltam a debater o assunto.