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A crise financeira e as suspeitas de má gestão nos Correios levaram a oposição no Congresso Nacional a articular a criação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar a estatal. No Senado, o senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) já conseguiu as 28 assinaturas necessárias para instaurar a CPI, enquanto na Câmara, a oposição busca reunir 171 assinaturas.
A CPI proposta no Senado pretende investigar quatro pontos principais:
- Irregularidades na gestão financeira e administrativa: Apurar possíveis desvios de recursos, fraudes em contratos e outras irregularidades na gestão da estatal.
- Impactos operacionais nos serviços prestados: Avaliar a qualidade dos serviços oferecidos pelos Correios e os impactos da crise financeira na operação da empresa.
- Interferências políticas na estatal: Investigar se houve interferência política indevida na gestão dos Correios, com nomeações e decisões motivadas por interesses partidários.
- Problemas no fundo previdenciário dos Correios (Postalis): Analisar a situação financeira do fundo de pensão dos funcionários dos Correios e apurar possíveis irregularidades na sua gestão.
Déficit Histórico e Comando da Estatal
Os Correios, atualmente sob o comando do advogado Fabiano Silva dos Santos, registraram um déficit de R$ 3,2 bilhões em 2024, o maior de sua história. A situação financeira da empresa é crítica, com atrasos no pagamento de funcionários e medidas de contenção de gastos, como o encerramento de contratos e a suspensão de contratação de terceirizados.
Na Câmara, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) protocolou o pedido de CPI, argumentando que é essencial apurar as causas do rombo financeiro dos Correios, além de investigar possíveis desvios de recursos e fraudes contratuais.
O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar uma possível responsabilidade do presidente Lula na crise, sugerindo que o governo pode ter sido omisso na supervisão da estatal.
O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) apresentou um requerimento de informação ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho, cobrando transparência na gestão dos Correios.
Calote em Aluguel de Galpão Logístico
A crise dos Correios ganhou ainda um novo capítulo com a acusação de calote no aluguel de um galpão logístico em Contagem (MG). O Fundo de Investimento Imobiliário TRBL11 (Tellus Rio Bravo Renda Logística) alega que os Correios deixaram de pagar R$ 2,7 milhões referentes ao aluguel do espaço, utilizado como o maior centro logístico da estatal em Minas Gerais.
Os Correios alegam ter entrado com um processo de “rescisão unilateral da locação” devido a problemas estruturais no imóvel, mas o TRBL11 nega ter sido informado sobre a decisão.
Em outubro, os Correios decretaram um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões, prevendo o encerramento de contratos e a suspensão de contratação de terceirizados, com o objetivo de “evitar que a empresa entre em estado de insolvência”.
A estatal atribui o rombo, em parte, à desistência de ações trabalhistas que somam cerca de R$ 1 bilhão e ao “sucateamento” da empresa no governo Jair Bolsonaro. Os Correios também culpam a “taxa das blusinhas”, que teria impactado negativamente em R$ 1 bilhão a receita do ano.