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Desdobramento de ações vai afetar pagamentos de dividendos do BB?

Explore o recente anúncio do Banco do Brasil sobre o desdobramento de ações na proporção de dois para um. Entenda como isso impacta os investidores, a liquidez do mercado e as expectativas para os dividendos em 2024.

banco do brasil dividendos GDI 1
banco do brasil dividendos GDI 1

O Banco do Brasil, um dos maiores pagadores de dividendos do país, anunciou uma mudança significativa para seus acionistas. Propôs-se o desdobramento de ações na proporção de dois para um, uma estratégia que divide cada ação existente em duas, reduzindo pela metade o valor de cada papel. Atualmente, com suas ações no topo histórico e um acumulado de 70% de ganhos em 2023, o valor da ação cairá para cerca de R$ 27, considerando o valor atual.

Este movimento tem como principal objetivo tornar as ações do banco mais acessíveis ao pequeno investidor, um segmento com uma base significativa entre os acionistas do Banco do Brasil. Paralelamente, busca-se aumentar a liquidez do papel no mercado.

Um ponto de interrogação comum entre os investidores é como essa mudança afetará a distribuição de proventos. Analistas financeiros, como Matheus Nascimento da Levante, esclarecem que o desdobramento em si não altera a essência financeira do investimento. “Embora haja a sensação de que os dividendos caíram, o preço do ativo também se ajusta proporcionalmente, mantendo inalterados tanto o valor dos ativos quanto dos dividendos distribuídos”, explica Nascimento.

Na prática, se um investidor possui 100 ações do banco, após o desdobramento, passará a ter 200 ações, cada uma valendo 50% do valor original. “Do ponto de vista financeiro, essa mudança não altera nada. Consequentemente, a percentagem dos dividendos permanecerá a mesma”, afirma Daniel Abrahão, assessor na iHUB Investimentos.

Além do aspecto técnico do desdobramento, há também a percepção de mercado. Existe uma crença de que as ações tendem a se valorizar após um desdobramento, embora falte suporte técnico sólido para essa afirmação. Essa percepção parece ser mais uma questão de mercado do que um fato comprovado.

Quanto aos dividendos, o Banco do Brasil se destacou em 2023 ao distribuir uma soma de R$ 13 bilhões, colocando-se como o terceiro maior em termos nominais. Para 2024, projeta-se que o retorno em dividendos fique em 10%, mantendo o payout (proporção de lucros distribuídos) de 40%.

Instituições como o BTG e a XP mantêm o banco em suas carteiras de dividendos. O BTG destaca o recente desempenho das ações do BB como uma oportunidade atraente, apesar do papel ter apresentado uma elevação abaixo do Ibovespa em dezembro. “Esperamos surpresas positivas na receita e consideramos a possibilidade de um payout mais elevado como um potencial catalisador positivo para ações nos próximos meses”, comenta um analista do BTG.

Por sua vez, a XP prevê que a distribuição de dividendos do banco se torne mais relevante, dada a maior capitalização, a tendência positiva de lucros, e a defensividade da carteira de crédito, refletida em menores índices de inadimplência. “Acreditamos que a carteira do BB seja defendida com uma margem financeira estável nas carteiras de crédito rural, consignado e CDC para funcionários públicos”, adicionam os analistas da XP.

O que são dividendos?

Dividendos são uma parcela do lucro de uma empresa que é distribuída aos seus acionistas. Eles são uma forma de a empresa recompensar os acionistas pelo investimento feito, e são geralmente pagos em dinheiro, mas também podem ser pagos na forma de mais ações da empresa.

A decisão de quanto do lucro será distribuído como dividendos é geralmente tomada pela diretoria da empresa e deve ser aprovada pelos acionistas em uma reunião anual. A outra parte do lucro é geralmente reinvestida na empresa para financiar o crescimento e a expansão.

O valor do dividendo que um acionista recebe depende do número de ações que ele possui. Por exemplo, se uma empresa paga um dividendo de R$1 por ação e você possui 100 ações, você receberá R$100 em dividendos.

Os dividendos são uma forma importante de retorno para os investidores, especialmente para aqueles que investem a longo prazo. Eles podem ser reinvestidos para comprar mais ações ou podem ser usados como uma fonte de renda.

Dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) são duas formas que as empresas têm de distribuir parte de seus lucros aos acionistas, mas eles têm diferenças significativas principalmente no aspecto tributário.

Dividendos: São distribuídos a partir do lucro líquido da empresa, após a dedução de todos os impostos. Portanto, os dividendos são isentos de imposto de renda para os acionistas que os recebem, pois a empresa já pagou todos os impostos devidos.

Juros sobre Capital Próprio (JCP): É uma forma alternativa de distribuição de lucros que tem um benefício fiscal para a empresa. O JCP é tratado como uma despesa operacional para a empresa e, portanto, reduz o lucro tributável da empresa, resultando em menos imposto de renda devido pela empresa. No entanto, ao contrário dos dividendos, o JCP é tributável para os acionistas que o recebem. A alíquota é de 15% e o imposto é retido na fonte.