Emprego em Queda

Desemprego dispara em fevereiro e IBGE aponta fragilidade no mercado de trabalho

Desemprego sobe para 6,8% em fevereiro, segundo IBGE. Dados apontam desaceleração do mercado de trabalho e alta informalidade, com 39 milhões sem carteira.

DESEMPREGO
DESEMPREGO
  • Brasil registra leve piora no mercado de trabalho após meses de recuperação.
  • Mais de 39 milhões de trabalhadores atuam sem registro formal.
  • Economistas temem desaceleração prolongada caso estímulos não avancem.

A taxa de desemprego no Brasil aumentou para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro de 2025. O número representa um avanço de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, quando o índice foi de 6,1%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora o número ainda esteja entre os menores dos últimos dez anos, os dados acendem um sinal de alerta. O aumento do desemprego vem acompanhado da queda no total de pessoas ocupadas, o que revela uma desaceleração na geração de postos de trabalho.

Queda na ocupação e aumento no número de desocupados

De acordo com o IBGE, a população desocupada chegou a 7,5 milhões de pessoas, o que representa um crescimento de 10,4% frente ao trimestre anterior. Por outro lado, a população ocupada caiu para 100,2 milhões, refletindo um recuo de 0,8%.

Esse comportamento indica que menos pessoas estão trabalhando e mais estão buscando emprego, sinalizando um enfraquecimento no dinamismo do mercado de trabalho. Os dados mostram ainda que a taxa de participação — proporção de pessoas que estão trabalhando ou buscando emprego — se manteve estável, o que reforça a tendência de queda na ocupação.

A maior retração ocorreu no grupo dos trabalhadores por conta própria, que teve redução de 1,4%. Esse movimento, comum em períodos de menor atividade econômica, reforça a dificuldade dos brasileiros em manter alguma forma de ocupação autônoma.

Informalidade resiste e renda atinge recorde histórico

Apesar do cenário de desaceleração, o rendimento médio real do trabalhador subiu para R$ 3.378, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012. Esse resultado foi impulsionado por reajustes salariais em setores formais da economia, especialmente no setor público e em algumas áreas do comércio.

Por outro lado, a taxa de informalidade permanece elevada, atingindo 38,8% da população ocupada — o equivalente a 39 milhões de pessoas. Esse dado preocupa porque indica que grande parte dos trabalhadores brasileiros continua sem acesso a direitos trabalhistas, como previdência e férias remuneradas.

Entre os empregados do setor privado, 36,5 milhões estavam com carteira assinada, enquanto 13,2 milhões trabalhavam sem registro. O número de empregados domésticos com carteira também recuou levemente, totalizando 4 milhões.

Analistas projetam cenário mais difícil nos próximos meses

Economistas ouvidos por veículos como CNN Brasil e Valor Econômico apontam que o aumento no desemprego já reflete os efeitos do atual cenário econômico. A taxa básica de juros elevada e a desaceleração da atividade produtiva limitam a expansão das empresas, especialmente em setores que dependem de crédito e consumo interno.

A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, avalia que o resultado segue dentro do esperado para um ciclo de desaceleração controlada. No entanto, ela ressalta que o governo precisará acelerar medidas de estímulo ao emprego formal, especialmente voltadas para jovens e trabalhadores de baixa qualificação.

Além disso, analistas afirmam que o ciclo de cortes na taxa Selic ainda é tímido para produzir efeitos significativos no mercado de trabalho. A previsão de crescimento mais modesto do PIB em 2025 também contribui para uma expectativa de geração de vagas mais lenta.

Governo monitora números e aposta em estímulos graduais

O governo federal acompanha os dados com atenção e defende que o país ainda atravessa uma fase de reequilíbrio pós-pandemia. Fontes do Ministério da Fazenda afirmam que programas como o novo consignado para trabalhadores CLT e o estímulo ao setor da construção civil devem gerar efeitos positivos a partir do segundo semestre.

Contudo, integrantes da equipe econômica reconhecem que o emprego formal cresce menos do que o esperado. Por isso, o Planalto analisa a possibilidade de retomar políticas ativas de incentivo ao primeiro emprego e de apoio a pequenos empreendedores.

Luiz Fernando
Estudante de Jornalismo, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.