Meio Ambiente

Desmatamento do cerrado foi maior com Lula do que com Bolsonaro

Cerrado perdeu mais área nos dois primeiros anos de Lula do que no início do governo Bolsonaro. Maranhão, Tocantins e Bahia lideram os índices.

Crédito: Depositphotos
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  • O bioma perdeu mais de 2,2 milhões de hectares entre 2023 e o início de 2025.
  • A expansão da soja e do gado avança sobre áreas frágeis, muitas vezes sem controle efetivo.
  • Falta de fiscais, orçamento reduzido e atrasos em ações dificultam frear o avanço do desmatamento.

O desmatamento no Cerrado avançou de forma mais acelerada nos dois primeiros anos do governo Lula do que no mesmo período da gestão Bolsonaro. Dados atualizados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que o bioma perdeu mais de 2,2 milhões de hectares de vegetação nativa entre 2023 e o início de 2025.

Cerrado perde área mesmo com discurso ambiental reforçado

Apesar das promessas de combate ao desmatamento, os números mostram um cenário preocupante. Entre janeiro de 2023 e março de 2025, o Cerrado teve 16% mais área devastada do que nos dois primeiros anos do governo anterior.

Segundo o sistema Deter-B, o bioma perdeu 1,1 milhão de hectares só em 2024. Esse volume representa um aumento de 7,2% em relação a 2023. Mesmo com maior rigor na fiscalização da Amazônia, o Cerrado seguiu como alvo prioritário de desmatadores.

Além disso, analistas apontam que o foco das políticas ambientais permaneceu na floresta amazônica. Com isso, o Cerrado ficou mais vulnerável e menos protegido diante do avanço da agropecuária.

Estados do Matopiba concentram os maiores danos

De acordo com o G1, os estados de Maranhão, Tocantins e Bahia lideram o ranking de desmatamento. Essas áreas fazem parte do chamado Matopiba, nova fronteira agrícola do país. Juntas, elas respondem por mais da metade das perdas registradas no bioma.

Boa parte do desmatamento ocorre para dar lugar a lavouras de soja ou pastos para gado. Em muitos casos, a conversão de áreas acontece sem autorização adequada. Embora a produção rural siga importante para a economia regional, ela cresce sobre áreas ambientalmente frágeis.

Além disso, entidades ambientais denunciam falhas na fiscalização estadual e falta de recursos. Sem apoio técnico suficiente, os órgãos ambientais enfrentam dificuldade para conter os danos.

Governo promete reação, mas encontra obstáculos no caminho

O Ministério do Meio Ambiente anunciou a criação de uma força-tarefa para atuar no Cerrado ainda em 2025. A iniciativa reunirá órgãos como Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Ministérios da Justiça e Agricultura. A intenção é replicar o modelo de controle já aplicado na Amazônia Legal.

Entretanto, servidores ouvidos por veículos de imprensa alertam que há poucos fiscais e orçamento reduzido. Segundo especialistas, o combate ao desmatamento exige ações imediatas e permanentes, o que nem sempre ocorre em regiões menos visadas.

Além disso, o governo federal pretende integrar os dados do Cerrado ao sistema Panamazônico de monitoramento por satélite. A medida busca acelerar a identificação de áreas desmatadas e fortalecer o trabalho de repressão.

Portanto, mesmo com boas intenções, o plano depende de infraestrutura tecnológica e logística que ainda está em fase de implantação.

Pressão internacional cresce e cobra resposta mais firme

Organizações ambientais e parceiros comerciais do Brasil têm cobrado ações mais consistentes. O plano de recuperação de áreas degradadas, apresentado na última COP, ainda não saiu do papel no Cerrado. Até o momento, o governo não apresentou cronograma detalhado para execução.

Além disso, o desmatamento no Cerrado já ultrapassa, proporcionalmente, a perda registrada na Amazônia no mesmo período. Isso coloca em xeque o discurso oficial de liderança ambiental do Brasil.

Segundo cálculos do Inpe, o Cerrado perdeu o equivalente a mais de 2 milhões de campos de futebol em pouco mais de dois anos. Mesmo com compromissos firmados internacionalmente, a realidade no bioma segue marcada pela fragilidade das ações locais.

Luiz Fernando
Estudante de Jornalismo, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.
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