Mão de obra e riscos

Economia em risco: pode faltar mão de obra no Brasil

Economistas alertam para a escassez de mão de obra e os riscos para a economia brasileira em 2025.

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  • Previsão de crescimento do PIB entre 1,5% e 2% em 2025, devido à alta da taxa de juros e inflação
  • A oferta de mão de obra no Brasil não acompanha o crescimento da demanda por trabalho, o que pode gerar falta de trabalhadores qualificados
  • Alta da Selic, inflação crescente e condições financeiras desfavoráveis podem prejudicar a economia e o poder de compra das famílias em 2025

A economia brasileira tem crescido a uma taxa de 3% desde 2021, recuperando-se do tombo de 3,3% registrado em 2020 devido à pandemia. Embora esse crescimento tenha sido importante para tirar o país da recessão, especialistas apontam que manter esse ritmo pode gerar sérias consequências no mercado de trabalho.

A principal preocupação é que o crescimento da economia não seja suficiente para atender à demanda por mão de obra. Contudo, o que pode resultar em escassez de trabalhadores qualificados.

A preocupação com a falta de mão de obra

Durante o Smart Summit 2025, evento realizado no Rio de Janeiro, a economista Margarida Gutierrez, professora titular da UFRJ, destacou que a falta de mão de obra pode ser um desafio crescente para o Brasil.

Segundo ela, o crescimento da oferta de mão de obra no país é limitado a cerca de 0,3% ao ano. Assim, o que equivale a 450 mil pessoas entrando no mercado de trabalho anualmente. Por outro lado, em 2024, a demanda por trabalho cresceu 2,8%, com a criação de 2,8 milhões de empregos.

Esse cenário cria um descompasso entre a oferta e a demanda de trabalho.

“Se o PIB desacelerar para 2% em 2025, a demanda por trabalho deve subir 1,6%”, afirmou Gutierrez.

Ela ainda projetou que, se esse ritmo de crescimento se mantiver, a economia precisará de mais 1,7 milhão de trabalhadores. Mas, a oferta de mão de obra não será suficiente para atender a essa demanda.

Elasticidade da renda e o impacto no emprego

Gutierrez explicou ainda o conceito de elasticidade renda do emprego, que analisa como o emprego responde a mudanças na renda das pessoas e ao crescimento econômico.

A alta elasticidade da economia brasileira, de acordo com a economista, está diretamente relacionada à baixa produtividade do país. Contudo, o desafio estrutural que não pode ser resolvido de imediato por políticas econômicas de curto prazo.

A baixa produtividade é uma das razões pelas quais a demanda por mão de obra cresce mais rapidamente do que a capacidade de fornecimento de trabalhadores.

“Como garantir uma taxa de crescimento do PIB de 3% ao ano com essa restrição que se tem hoje no mercado de trabalho?”, questiona Gutierrez.

Ela destaca que aumentar a produtividade no Brasil exigirá tempo e reformas estruturais que possam melhorar as condições do mercado de trabalho. E, assim, impulsionar o crescimento de longo prazo.

Expectativas para o PIB e desafios em 2025

A economista projeta que o PIB brasileiro desacelere em 2025, com um crescimento estimado entre 1,5% e 2%. Ela aponta três fatores internos como os principais responsáveis por essa desaceleração, todos com impactos negativos para a economia brasileira:

  1. Taxa Selic elevada: Com uma expectativa de que a Selic chegue a 15% ao ano em 2025 e uma taxa real de cerca de 10%, o crédito deve se tornar mais caro. Assim, o que pode reduzir o consumo das famílias e os investimentos das empresas.
  2. Inflação em alta: O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar acima do limite superior da meta de inflação de 4,5% em 2025. Com isso, a perda do poder de compra das famílias será mais acentuada, afetando diretamente a classe assalariada.
  3. Condições macroeconômicas deterioradas: A deterioração das condições financeiras e a desvalorização de ativos brasileiros, incluindo a alta do dólar e a queda do Ibovespa, indicam uma instabilidade econômica. Essa situação traz o risco fiscal, pois aumenta os gastos públicos ao mesmo tempo que a arrecadação de impostos não cresce de forma suficiente.

O mix de políticas econômicas e seus efeitos

Gutierrez classificou o atual mix de políticas econômicas como “nefasta”, pois ele combina o aumento de gastos públicos com a elevação da carga tributária, o que tem impacto negativo sobre a confiança do mercado e sobre os ativos brasileiros.

Esse cenário de incertezas fiscais e econômicas pode levar a um clima desfavorável para os negócios e o crescimento da economia.

Para o Brasil, o grande desafio de 2025 será conciliar o crescimento da economia com a escassez de mão de obra e a necessidade de manter a inflação sob controle, o que exigirá políticas estruturais e uma reforma profunda no mercado de trabalho e no setor produtivo.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ