Quem diria

Economia preocupa os brasileiros mais que a violência

Pesquisa Datafolha mostra que, pela primeira vez, a economia é a maior preocupação dos brasileiros, superando a violência. Com 22% das menções, ela é seguida pela saúde (22%), enquanto a violência caiu para 11%. A mudança reflete os efeitos da inflação, desemprego alto e crescimento econômico fraco.

Preocupação Econômica
Crédito: Depositphotos
  • Inflação, desemprego e falta de crescimento explicam os 22% que indicaram o tema como o maior problema.
  • Sistema público, falta de acesso e filas mantêm o tema em evidência, também com 22% das menções.
  • Agora com 11%, o tema foi superado por questões que afetam mais diretamente o cotidiano econômico.

Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira (7) aponta que a economia passou a ser o principal problema do Brasil na percepção da população, superando pela primeira vez a violência.

Segundo o levantamento, 22% dos entrevistados indicaram a economia como o maior desafio do país, enquanto outros 22% também citaram a saúde. A violência, que historicamente liderava o ranking das preocupações, caiu para 11%.

A mudança reflete o cenário atual de inflação persistente, desemprego elevado e crescimento econômico abaixo do esperado.

Economia assume o topo das preocupações

Os dados revelam uma virada importante no humor do brasileiro. A economia nunca esteve tão presente no topo das inquietações desde o fim da pandemia. A ascensão da preocupação econômica evidencia um sentimento de frustração com a estagnação da renda, os preços altos dos alimentos e a dificuldade de retomada no mercado de trabalho.

De acordo com o Datafolha, o resultado mostra que a crise no bolso dos brasileiros está diretamente ligada à perda de confiança no futuro financeiro do país.

Embora as políticas públicas estejam voltadas para o controle da inflação e estímulo à atividade econômica, os efeitos ainda não se traduziram na percepção das famílias.

Além disso, o aumento nos juros nos últimos anos, seguido de um arrefecimento lento, impactou diretamente o consumo e o crédito. Para grande parte da população, isso se reflete no dia a dia, na dificuldade para comprar itens básicos e no acúmulo de dívidas.

Saúde continua sendo preocupação relevante

A saúde segue como uma das prioridades para os brasileiros, também com 22% das menções. Esse número se mantém estável em relação a pesquisas anteriores, e reforça a atenção contínua aos problemas estruturais do setor.

Apesar do fim da emergência sanitária da COVID-19, muitas pessoas ainda enfrentam filas no SUS, dificuldades de acesso a especialistas e escassez de medicamentos em algumas regiões.

Além disso, questões como saúde mental, doenças crônicas e desigualdade no atendimento seguem presentes no debate público.

Portanto, a saúde permanece como uma pauta de destaque tanto para os eleitores quanto para os formuladores de políticas públicas, especialmente em um ano de cobrança por resultados concretos.

Violência perde espaço nas preocupações

Com apenas 11% das menções, a violência perdeu a posição de maior preocupação nacional, que ocupava em levantamentos anteriores. Embora continue sendo um problema grave, principalmente em regiões metropolitanas, o tema cedeu espaço para outras urgências mais sentidas no cotidiano.

Segundo especialistas, essa queda na percepção da violência pode indicar uma combinação de fatores: ações locais de segurança, redução de alguns indicadores criminais e a centralidade das questões econômicas na vida das famílias.

Ainda assim, isso não significa que o problema tenha sido resolvido. Crimes como furtos, assaltos e violência doméstica continuam presentes, mas estão sendo ofuscados por uma sensação mais imediata de insegurança econômica.

Pressão sobre governo e eleições de 2026

A mudança de foco nas preocupações deve influenciar diretamente a agenda política nos próximos meses. Com a economia ganhando protagonismo, o governo tende a ser mais cobrado por medidas concretas de combate ao desemprego, à inflação e à desigualdade.

Além disso, partidos e pré-candidatos às eleições de 2026 devem incorporar a pauta econômica como eixo central de suas propostas. Para analistas políticos, esse novo cenário exigirá dos líderes mais pragmatismo na apresentação de soluções e maior conexão com o drama cotidiano das famílias.

A leitura da pesquisa sugere que, no Brasil de hoje, o medo da fome, da instabilidade financeira e da incerteza no emprego fala mais alto do que o medo da violência.

Luiz Fernando
Estudante de Jornalismo, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.