
O ex-deputado federal Eduardo Cunha voltou a fazer críticas contundentes ao atual governo, desta vez mirando em uma iniciativa de crédito que utiliza o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como garantia. Em declarações fortes, Cunha argumenta que a política governamental, ao incentivar o endividamento da população – com foco especial nos grupos mais vulneráveis –, acaba minando a capacidade das pessoas de poupar dinheiro. Essa redução na poupança, segundo ele, tem um efeito direto e negativo sobre o investimento, que Cunha considera ser o verdadeiro motor para um crescimento econômico sustentável e de longo prazo para o país.
Para o ex-parlamentar, a estratégia adotada pelo governo não passa de uma manobra com fins políticos. “Estamos diante de mais uma modalidade de estelionato eleitoral“, disparou Cunha. Ele traça um paralelo entre a nova modalidade de empréstimo consignado e o que descreve como a prática de “curtir com o dinheiro do trabalhador“. A crítica centraliza-se no fato de que o saldo do FGTS, um recurso pertencente ao empregado, está sendo usado como uma espécie de “colchão de segurança” para viabilizar empréstimos que, frequentemente, carregam taxas de juros consideradas elevadas, especialmente quando comparadas ao rendimento do próprio fundo.
Um dos pontos mais explorados na argumentação de Cunha é justamente a utilização do FGTS como garantia para essa nova linha de crédito consignado. Ele faz questão de ressaltar a baixa rentabilidade do fundo. Com um rendimento médio que historicamente gira em torno de apenas 3% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR), o FGTS performa consistentemente abaixo da caderneta de poupança e fica muito distante da taxa básica de juros da economia, a Selic (atualmente em patamares bem mais altos). Na visão de Cunha, essa disparidade torna o uso do FGTS como garantia uma “desvantagem clara para o trabalhador”. Ele sugere que o trabalhador está, na prática, imobilizando um dinheiro seu que rende pouco para garantir uma dívida que custará caro.
“Não é o ‘empréstimo do Lula’, mas o empréstimo do seu próprio dinheiro, depositado compulsoriamente no governo e remunerado abaixo da caderneta de poupança”, afirma Cunha, buscando desconstruir a narrativa de que se trata de um benefício direto concedido pelo governo. Ele enfatiza que o recurso original já pertence ao trabalhador e que sua remuneração pelo governo é insatisfatória, tornando a operação ainda menos vantajosa sob sua ótica.
Críticas Ampliadas ao Modelo Econômico Petista
As críticas de Eduardo Cunha não se limitam a este programa específico de crédito. Ele aproveita a oportunidade para direcionar ataques mais amplos à estratégia econômica geral adotada pelo governo Lula. Cunha acusa o Partido dos Trabalhadores (PT) de estar repetindo o que ele classifica como um “modelo fracassado“. Esse modelo, segundo sua análise, é fundamentalmente baseado na tentativa de estimular a economia através do aumento do consumo, impulsionado por facilidades de crédito e pela manutenção ou expansão de programas sociais contínuos, sem um foco equivalente no lado da produção e do investimento.
Ele contrapõe essa abordagem com o que descreve como o caminho adotado por países desenvolvidos. Para Cunha, essas nações promovem o crescimento econômico de forma sólida com base na formação de poupança interna robusta, no aumento da produtividade da economia (fazer mais com menos recursos) e na geração de empregos de alta renda e qualificação. Seria, portanto, um caminho oposto ao que ele atribui ao atual governo brasileiro, que estaria mais focado em estímulos de curto prazo via consumo e endividamento.
Cunha sugere que a população está começando a perceber as limitações dessa estratégia. “O que a população quer ver são ações, e não mais discursos vazios ou programas de aparência duvidosa“, afirma. Ele conecta essa percepção a uma suposta perda de popularidade do presidente Lula e a uma desconfiança crescente em relação a políticas que incentivam o endividamento, especialmente em um contexto onde muitos brasileiros já enfrentam dificuldades financeiras.