
- Ouro bate recorde: Metal ultrapassa US$ 3.000 impulsionado por instabilidade global
- Política de Trump impacta mercados: Tarifas e tensões comerciais elevam incerteza
- Investidores buscam proteção: Bancos centrais e mercados reforçam demanda por ouro
O preço do ouro ultrapassou a marca de US$ 3.000 por onça pela primeira vez na história, impulsionado por uma combinação de fatores que incluem a compra acelerada por bancos centrais, preocupações com a economia global e as políticas comerciais agressivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O metal precioso atingiu US$ 3.001,20 nesta sexta-feira (14), consolidando sua posição como um dos ativos mais valorizados em tempos de incerteza.
A disparada do ouro reforça seu papel como um ativo seguro diante de turbulências econômicas e políticas. Nas últimas décadas, o metal teve um desempenho superior até ao S&P 500, principal índice das ações americanas, refletindo seu poder de preservação de valor.
Fatores por trás da valorização do ouro
A recente valorização do ouro pode ser explicada por uma série de fatores interligados:
- Compras de bancos centrais: Governos ao redor do mundo vêm acumulando ouro para reduzir a dependência do dólar americano e evitar riscos geopolíticos.
- Crise econômica global: A inflação persistente e a desaceleração econômica em grandes economias, como a China, aumentaram a demanda por ativos seguros.
- Política comercial dos EUA: As tarifas impostas por Trump a aliados e rivais, além de medidas protecionistas, criaram um ambiente de instabilidade que favorece o ouro.
A forte procura pelo metal nos Estados Unidos elevou ainda mais os preços no mercado interno. Assim, com traders movimentando grandes volumes para o país antes da entrada em vigor das novas tarifas comerciais.
Desde a eleição presidencial americana, mais de 23 milhões de onças de ouro, avaliadas em cerca de US$ 70 bilhões, foram transferidas para os depósitos da bolsa de futuros Comex, em Nova York.
Investidores buscam proteção diante da instabilidade
O ouro tradicionalmente se valoriza em momentos de estresse econômico. Após a crise financeira de 2008, o metal superou US$ 1.000 por onça e, durante a pandemia de Covid-19, ultrapassou os US$ 2.000.
Embora tenha caído para US$ 1.600 após a pandemia, o ouro voltou a subir em 2023 e acelerou sua valorização em 2024. Dessa forma, impulsionado por investidores que buscam proteção contra riscos globais.
A alta do ouro ocorre mesmo com fatores que normalmente desestimulariam sua valorização, como o dólar forte e taxas de juros elevadas. Isso indica que a incerteza econômica e política está pesando mais nas decisões dos investidores do que as condições tradicionais de mercado.
“O ouro continua sendo um ativo de preservação de valor, independentemente da volatilidade. Sempre retorna à média e mantém seu poder de compra ao longo do tempo”, afirmou Thomas Kertsos, co-gerente de portfólio da First Eagle Investment Management LLC.
Impacto da política comercial de Trump
As decisões do governo Trump vêm adicionando, contudo, combustível à alta do ouro. Entre as medidas adotadas estão:
- Imposição de tarifas a parceiros comerciais como Canadá, México e União Europeia, além de sobretaxas sobre produtos chineses e metais como aço e alumínio.
- Guerra comercial ampliada: A retaliação da União Europeia e de outros países gerou mais incertezas sobre o comércio global.
- Sinais de instabilidade geopolítica: Trump indicou interesse em controlar áreas estratégicas, como a Groenlândia e o Canal do Panamá, e surpreendeu aliados ao iniciar conversas com a Rússia sobre a Ucrânia.
Esses fatores criaram, no entanto, um cenário de alta volatilidade nos mercados, aumentando a busca por ouro como reserva de valor.
“A incerteza vinda dos EUA está lançando uma sombra sobre a economia global, e os investidores estão reagindo migrando para ativos mais seguros”, analisou Ian Samson, gestor de portfólio da Fidelity em Cingapura.
Com bancos centrais acumulando ouro, investidores temendo perder novas altas e um ambiente global cada vez mais incerto, a valorização do metal pode continuar nos próximos meses. O recorde de US$ 3.000 pode ser, portanto, apenas o começo de uma nova fase de crescimento para o ouro.