O dólar encerrou o ano de 2024 com uma valorização de 27%, cotado a R$ 6,18, a maior alta desde 2020, quando subiu 29%. O movimento foi impulsionado principalmente pela percepção de risco fiscal no Brasil, combinado com a resiliência da economia dos Estados Unidos, apesar das taxas de juros elevadas.
A moeda americana ultrapassou sua máxima histórica nominal nove vezes ao longo do ano, com o recorde de R$ 6,27 registrado entre os dias 16 e 18 de dezembro. No entanto, o Banco Central interveio para conter a alta, realizando leilões à vista que totalizaram quase US$ 28 bilhões desde 12 de dezembro. Apesar das intervenções, analistas apontam que o câmbio continua pressionado pela incerteza fiscal interna e pela expectativa de juros elevados no Brasil.
“A confiança na economia brasileira está fragilizada. O cenário fiscal não indica superávit primário, e a situação da dívida pública continua desafiadora”, afirmou Lima, economista da Western. As dificuldades aumentam com propostas como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, que, se aprovadas, podem acelerar a economia, mas também elevar a necessidade de juros mais altos.
Os analistas atribuem parte da depreciação do real a fatores externos, como o impacto da vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA e a fraqueza econômica da China. “O dólar se valorizou com a expectativa de que a política de Trump aumentará a inflação nos EUA e atrairá fábricas de volta ao país”, explicou Frasson, estrategista do BTG.
Em 2024, o real se destacou entre as moedas emergentes com maior desvalorização, junto ao peso mexicano, devido à combinação de fatores internos e externos. A fragilidade fiscal do Brasil e os desafios globais, como a política monetária dos EUA e a crise na China, marcaram o ano para a moeda brasileira.
Indicadores:
- Valorização do dólar: 27% em 2024
- Máxima histórica do dólar: R$ 6,27
- Intervenção do Banco Central: US$ 28 bilhões desde 12 de dezembro