- Irmãos Batista realizaram 17 encontros no Ministério de Minas e Energia
- Estes encontros foram realizados fora da agenda oficial
- O Ministério e os executivos da Âmbar, não discutiram a medida provisória nestes encontros
Executivos da Âmbar Energia, empresa do Grupo J&F dos irmãos Joesley e Wesley Batista, realizaram 17 encontros no Ministério de Minas e Energia. Estes, fora da agenda oficial antes da edição de uma medida provisória que favoreceu a companhia no setor elétrico. Assim, repassando custo aos consumidores brasileiros.
Tanto o ministério quanto a Âmbar afirmam que não discutiram a medida provisória nessas reuniões, mas não divulgaram o conteúdo dos encontros. As reuniões ocorreram entre junho de 2023 e maio de 2024. Os executivos da Âmbar se reuniram de forma privada com o ministro Alexandre Silveira. Além do secretário-executivo Arthur Cerqueira, o secretário nacional de Energia Elétrica Gentil Nogueira. E, ainda, o ex-secretário-executivo Efrain Cruz. De acordo com registros de entradas no ministério obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo partido Novo.
A última reunião aconteceu em 29 de maio entre o ministro Silveira e o presidente da Âmbar, Marcelo Zanatta. Este, uma semana antes da medida provisória ser enviada à Casa Civil. O ministro também se encontrou com Zanatta em 21 de maio. Nenhuma dessas reuniões consta na agenda oficial e pública de Alexandre Silveira.
Os registros mostram que Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar, visitou o Ministério de Minas e Energia 13 vezes em menos de um ano, enquanto nas demais ocasiões o diretor de Estratégia, Inteligência de Mercado e Regulatório, Cristiano Souza, representou a empresa.
“É inaceitável que uma medida provisória seja editada para beneficiar diretamente os amigos do rei, em detrimento do consumidor brasileiro”, afirma a deputada Adriana Ventura, representante do Partido Novo.
“As evidências de repetidas reuniões entre representantes da Âmbar Energia e o Ministério de Minas e Energia, e a celeridade incomum na aprovação dessa medida, levantam sérias questões sobre a transparência e a lisura deste processo.” Completa.
Empresa beneficiada dos Irmãos Batistas? Entenda
A medida provisória assinada pelo presidente Lula e publicada em 13 de junho alivia, no entanto, as finanças da Amazonas Energia. Assim, cobrindo pagamentos que a distribuidora deve às termelétricas compradas pela Âmbar da Eletrobras. Os consumidores brasileiros financiarão os recursos necessários para essa operação através da conta de luz por até 15 anos.
No dia 27 de maio, Joesley e Wesley Batista encontraram-se pessoalmente com o presidente Lula no Palácio do Planalto. Ainda, durante um evento de produtores de carne, para discutir uma doação para vítimas do Rio Grande do Sul.
Após a publicação da medida provisória, Alexandre Silveira afirmou, contudo, que o benefício à Âmbar foi uma “mera coincidência”. Durante uma audiência na Câmara, ele declarou: “Eu aprendi com o ex-vice-presidente José Alencar que não importa a cor do gato, o que importa é que ele cace o rato”. Dessa forma, ao ser questionado sobre a medida.
Em 7 de junho, nove dias após a reunião, o ministério enviou o texto da medida provisória à Casa Civil. Três dias depois, em 10 de junho, a Eletrobras anunciou ao mercado a venda de 12 usinas termelétricas para a Âmbar por R$ 4,7 bilhões. A Âmbar, entretanto, assumiu o risco de inadimplência dos contratos da Eletrobras com a Amazonas Energia relacionados à operação das termelétricas.