- Sete Brasil acumula dívidas superiores a R$ 36 bilhões e é declarada falida após quase uma década de recuperação judicial
- A empresa foi marcada por escândalos de corrupção, envolvendo altos executivos e o desvio de recursos para o PT
- O projeto da Sete Brasil, criado durante o governo Lula, se transformou em um dos maiores exemplos de falhas na intervenção estatal na economia
Após quase uma década de tentativas frustradas, a Sete Brasil, antes considerada a joia da indústria brasileira, teve sua falência decretada pela Justiça do Rio de Janeiro em dezembro.
O fracasso da empresa, que acumula dívidas superiores a R$ 36 bilhões, marca o fim de um projeto que teve início com grandes promessas, mas que foi marcado por escândalos de corrupção e falhas administrativas.
Esse episódio serve como um duro lembrete dos riscos da intervenção estatal na economia. Especialmente, quando decisões políticas se sobrepõem às realidades do mercado.
A sobrevivência
Apesar da falência já decretada, a Sete Brasil ainda busca uma reviravolta. A empresa recorreu da decisão judicial, mas o mérito da questão ainda está pendente de julgamento.
A Licks Associados, a administradora judicial, apresentou as contrarrazões em 12 de fevereiro, defendendo a falência da empresa e argumentando que sua manutenção só beneficiaria aqueles envolvidos no esquema de corrupção.
Se a Justiça confirmar a falência, a administração judicial assumirá a responsabilidade de investigar e apurar os crimes cometidos ao longo dos anos.
O nascimento da Sete Brasil
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva criou a Sete Brasil em 2010 para fornecer, com exclusividade, sondas de perfuração para o pré-sal após a descoberta de grandes reservas de petróleo.
O projeto estava no centro da ambiciosa política industrial de Lula, que pretendia colocar o Brasil no topo da produção global de energia. O plano era construir 28 sondas ultra-profundas, a um custo de cerca de US$ 25 bilhões. Ainda, quase metade do orçamento total da Petrobras na época. Porém, a visão grandiosa logo esbarrou em obstáculos.
Corrupção e má gestão
A Sete Brasil logo se afundou em um mar de escândalos de corrupção. A Operação Lava Jato revelou um esquema de propinas que envolvia altos executivos da Petrobras e da Sete Brasil.
João Carlos Ferraz e Pedro Barusco participaram do desvio de recursos dos contratos com estaleiros. Que, em muitos casos, acabaram indo parar em contas offshore ligadas ao Partido dos Trabalhadores (PT).
O sonho de transformação industrial rapidamente se dissipou. Assim, dando lugar a um pesadelo financeiro.
A falência
Em 2016, a Sete Brasil pediu recuperação judicial, com uma dívida estimada em R$ 19 bilhões. Apesar dos esforços de reestruturação, a empresa não conseguiu superar os desafios e, em 2023, viu seu prejuízo crescer para mais de R$ 36 bilhões.
O projeto, que deveria ter sido um marco de inovação e desenvolvimento para o Brasil, terminou por se tornar um exemplo claro de como a gestão política pode prejudicar uma iniciativa econômica.
Com a falência da Sete Brasil, a responsabilidade por sua queda ganhará destaque.
A reestruturação proposta e os esforços de recuperação falharam em trazer resultados. Assim, a expectativa é que a administração judicial possa, finalmente, investigar as causas dessa falência.