Importação de aço

Excesso de aço chinês no mercado afasta investimentos no Brasil

Com crescimento das importações de aço chinês, Gustavo Werneck, pondera sobre a alocação de capital nos EUA e os desafios da indústria.

Aço
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  • A Gerdau enfrenta prejuízos devido ao aumento das importações de aço da China, afetando a indústria local
  • A empresa está considerando alocar mais capital nos Estados Unidos, onde a operação é mais rentável
  • O Custo Brasil é estimado em 22% do PIB, destacando os desafios da ineficiência tributária e da gestão pública

O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que a empresa está “próxima” de repensar o patamar de alocação de capital no Brasil, devido aos impactos da importação de aço chinês no setor nacional.

A companhia, que enfrenta prejuízos e subutilização de sua capacidade de produção, observa o crescimento das importações de aço da China como um desafio crescente. Que, portanto, tem prejudicado a indústria local e afetado a competitividade do mercado.

Werneck destacou que, apesar de a Gerdau continuar investindo no Brasil, a falta de um mercado robusto e a competição desleal com a produção asiática têm levado a empresa a considerar o direcionamento de novos investimentos para os Estados Unidos.

Em entrevista recente, ele também mencionou que a empresa está avaliando a expansão de sua produção na América do Norte. Contudo, devido ao cenário mais favorável por lá, e a falta de eficácia em medidas de defesa comercial no Brasil.

Impacto da “inundação de aço chinês”

A “inundação de aço chinês” no mercado brasileiro se tornou um ponto crítico para o setor siderúrgico nacional. O governo brasileiro tentou implementar a cota tarifa, um mecanismo de defesa comercial que permite a entrada de aço sem a cobrança de altas taxas de importação, mas este esforço não foi eficaz.

Segundo Werneck, as importações de aço chinês cresceram substancialmente nos últimos 12 meses, o que tem prejudicado as empresas locais como a Gerdau, levando a uma subutilização de sua capacidade produtiva.

“Agora, no mês de maio, vence um ano de que o governo federal colocou um mecanismo de defesa comercial chamado cota tarifa, que não foi efetivo, e as importações cresceram”, disse Werneck, explicando que, embora o governo tenha tentado, as importações de aço continuam a crescer, afetando a produção nacional.

Investimentos no Brasil x EUA

Apesar do cenário desafiador, a Gerdau continua investindo no Brasil. A recente inauguração de um laminador de bobinas a quente em Ouro Branco (MG), com um investimento de R$ 1,5 bilhão, demonstra a confiança da empresa no país, mas com uma visão de longo prazo.

No entanto, Werneck ressaltou que decisões como essa são tomadas anos antes, e que o futuro da empresa depende da evolução do mercado no Brasil. Ele afirmou que, apesar do investimento substancial, a empresa enfrenta dificuldades para operar o novo equipamento, que ainda não possui demanda suficiente devido à concorrência desleal com os produtos chineses.

“Com a inauguração de ontem, mostramos que a Gerdau continua acreditando no Brasil. Mas em um negócio como o nosso, uma decisão que terminou ontem foi tomada cinco anos atrás. Precisamos projetar um Brasil daqui a cinco anos”, afirmou Werneck.

O Custo Brasil e a eficiência da gestão

Werneck também discutiu o Custo Brasil, que, segundo o Movimento Brasil Competitivo, está estimado em 22% do PIB, representando cerca de R$ 1,5 trilhão. Ele comentou sobre a ineficiência da gestão pública brasileira, que, em sua visão, é um obstáculo para o crescimento e a competitividade do setor produtivo nacional.

“Aqui no Brasil, temos 123 pessoas trabalhando na área tributária. Nos Estados Unidos, temos apenas três”, comparou, destacando as disparidades entre as gestões públicas dos dois países.

O impacto das tarifas americanas

Por outro lado, a Gerdau tem uma presença consolidada nos Estados Unidos, com 11 unidades de produção de aços longos e especiais no país. Werneck afirmou que a decisão da empresa de investir nos Estados Unidos, há 35 anos, foi um acerto estratégico, principalmente por conta da moeda forte e da estabilidade econômica americana.

A empresa vê programas de incentivo ao aço local nos EUA como uma oportunidade para aumentar sua produção e receita no mercado norte-americano.

Sobre os mecanismos de defesa comercial implementados nos Estados Unidos, como as tarifas sobre o aço importado, Werneck acredita que esses programas têm beneficiado a Gerdau, fortalecendo ainda mais sua operação local.

“Esses programas de incentivo ao aço local têm nos beneficiado, e acredito que vai continuar assim ao longo dos próximos anos”, afirmou o CEO da Gerdau.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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