O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) indica crescimento de 5,8% na movimentação financeira das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras em outubro de 2024, na comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o setor também apresenta um avanço de 5,8%, frente ao mesmo período de 2023.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 701 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, indica que o faturamento positivo das PMEs em outubro foi impulsionado pela continuidade da recuperação do Comércio, que registrou alta de 16%.
“Apesar dos desafios no ambiente de negócios, o aquecido mercado de trabalho e a elevação da renda real têm sustentado o consumo das famílias”, comenta.
Dessa forma, o segmento mantém a tendência de crescimento já verificada no decorrer do terceiro trimestre (+15,7% YoY), tanto nas PMEs do atacado, quanto no varejo.
No mesmo caminho de aceleração verificada no ano como um todo (+10% YTD), está a Indústria, que teve expansão de 5,5% no faturamento de outubro. O progresso foi menos disseminado entre os segmentos da indústria de transformação. Dos monitorados pelo IODE-PMEs, apenas 11 apresentaram aumento no faturamento em outubro, com destaque para ‘Fabricação de móveis’, ‘Impressão e reprodução de gravações’ e ‘Fabricação de celulose e produtos de papel’.
As PMEs de Infraestrutura também registraram crescimento (+6%) e o avanço de atividades como ‘Coleta, tratamento e disposição de resíduos’ e ‘Captação, tratamento e distribuição de água’. Houve retração de operações ligadas ao mercado de construção civil, como ‘Serviços especializados para construção’ e ‘Construção de edifícios’.
O faturamento favorável do mercado no último mês, no entanto, não foi seguido pelas pequenas e médias empresas de Serviços, em que a movimentação financeira real se manteve estável. Do ponto de vista de expansão, no entanto, se destacam segmentos, como ‘Artes, cultura, esporte e recreação’, ‘Saúde humana e serviços sociais’ e ‘Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria’.
O economista alerta perda de fôlego frente ao desempenho observado no decorrer dos meses anteriores, haja vista o avanço de 8,6% na média do terceiro trimestre de 2024. “É cedo para antever uma tendência duradoura de desaceleração no mercado de PMEs, mas é preciso se atentar para a queda de alguns condicionantes no período recente. Entre eles, aceleração das pressões inflacionárias no país, movimento de subida da taxa básica de juros pelo Banco Central, queda da confiança do consumidor em outubro (segundo o ICC-FGV) e ainda o aumento das percepções de riscos domésticos (questão fiscal) e internacionais (tensões geopolíticas e comportamento da economia norte-americana)”, comenta o economista.
Mesmo assim, o especialista espera uma sustentação da atividade econômica doméstica, especialmente ligada à expansão do consumo das famílias.
“Neste contexto, considerando a performance das PMEs do Comércio nos últimos meses, as expectativas são positivas para a movimentação financeira dos negócios influenciados pelas datas sazonais do fim do ano, como Black Friday e Natal”, explica Beraldi, que mantém a projeção de crescimento de 6,4% para as PMEs em 2024.