- O Santander Asset prevê que o Banco Central elevará a taxa Selic para 14,75% em maio e encerrará o ciclo de aperto monetário
- A gestora reduziu sua exposição a riscos em ativos brasileiros e internacionais, adotando uma posição neutra diante das incertezas
- Conflitos comerciais entre EUA, China e UE podem afetar o fluxo de capitais para emergentes como o Brasil, exigindo cautela dos investidores no curto prazo
O Santander Asset Management reduziu sua estimativa para a taxa básica de juros no Brasil, projetando agora um patamar de 14,75% ao ano. Ainda, contra os 15,25% previstos anteriormente.
A decisão reflete a avaliação de que os efeitos negativos da guerra comercial tendem a superar fatores domésticos, como o desempenho do agronegócio e do mercado de trabalho.
Jarra destacou que o Banco Central (BC) deve promover apenas mais um aumento de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Copom, marcada para 7 de maio. Após esse movimento, o ciclo de aperto monetário deve ser encerrado, com a inflação e a atividade econômica mostrando tendência de baixa.
O mercado já precifica essa possibilidade, com os contratos de juros futuros na B3 indicando uma Selic próxima de 15% ao ano.
Posicionamento defensivo: redução de risco
Diante do cenário incerto, a gestora, que administra R$ 362 bilhões em ativos, adotou uma postura cautelosa. Jarra afirmou que o Santander Asset enxugou sua exposição a riscos tanto em apostas no mercado brasileiro quanto em ativos globais, chegando a uma posição neutra em 2 de abril (data em que Trump anunciou tarifas contra dezenas de países).
A gestora mantém um viés negativo para o câmbio e a bolsa de valores locais, enquanto avalia os desdobramentos das medidas protecionistas.
“Estamos em processo de digestão e avaliação do cenário. Temos hipóteses que queremos testar no mercado antes de assumir novas posições”, explicou Jarra.
Impactos globais e esperança por negociações
As tarifas impostas pelos EUA já provocaram retaliações de grandes economias, como União Europeia e China. Jarra acredita que o mundo entrará agora em um modo de negociação, mas alerta para os riscos de escalada do conflito.
“Temos a esperança de que a temperatura baixe, mas os efeitos econômicos dessas medidas ainda precisam ser mensurados”, disse.
O estrategista destacou que, além dos impactos diretos no comércio, a guerra comercial aumenta a aversão ao risco nos mercados financeiros, o que pode afetar o fluxo de capitais para economias emergentes, como o Brasil.
O Santander Asset Management sinaliza um cenário de cautela para os próximos meses, com a Selic atingindo 14,75% ao ano e a economia global sob pressão.
A gestora reforça a importância de monitorar as negociações comerciais e seus reflexos nos mercados, enquanto mantém uma estratégia defensiva. Para os investidores, a mensagem é clara: em tempos de incerteza, a prudência deve guiar as decisões.