- Medida visa evitar aumento de preços e proteger o poder de compra das famílias.
- Instituição acompanha indicadores com foco em equilíbrio fiscal e previsibilidade.
- Diretor defende mais clareza no discurso técnico para ganhar apoio popular.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a explicar o papel dos juros na economia brasileira. Recentemente, ele afirmou que o aumento da taxa Selic visa controlar a escassez de dinheiro na economia e, com isso, preservar o poder de compra da população. Segundo Galípolo, o instrumento tem uma função clara: desacelerar a circulação de crédito para evitar que os preços disparem.
Ao longo do evento, promovido pelo Instituto de Finanças Aplicadas, o diretor argumentou que o BC utiliza os juros com o objetivo de manter a inflação sob controle, principalmente em cenários de excesso de liquidez. Portanto, segundo ele, elevar a taxa básica não serve apenas como uma resposta à inflação, mas também como uma forma de garantir equilíbrio estrutural ao mercado.
Política de juros tem como foco a estabilidade, afirma diretor
Gabriel Galípolo ressaltou que o sistema de metas inflacionárias exige que o BC mantenha o consumo sob vigilância. Ao restringir o acesso ao crédito, a autoridade monetária reduz a demanda, o que naturalmente impede que os preços cresçam de maneira descontrolada. Segundo ele, isso evita que o poder de compra dos trabalhadores seja corroído pela inflação.
Além disso, o diretor afirmou que o uso dos juros como ferramenta monetária não pode ser visto de maneira isolada. Ele destacou que outras variáveis, como as expectativas do mercado, a política fiscal e o câmbio, também influenciam a inflação. No entanto, a taxa Selic segue como principal instrumento para manter os preços dentro da meta.
Por esse motivo, o BACEN continua analisando cuidadosamente cada indicador. Segundo o diretor, qualquer alteração na trajetória dos juros deve levar em conta o equilíbrio de médio e longo prazo. Ele reforçou que a estabilidade econômica depende de decisões que considerem não apenas os efeitos imediatos, mas também os impactos futuros na renda das famílias e na confiança dos investidores.
Comunicação com a sociedade é essencial, diz Galípolo
Durante sua fala, Galípolo também enfatizou a importância de traduzir os termos técnicos da política monetária para o público geral. Segundo ele, muitas vezes as pessoas associam a alta dos juros apenas à dificuldade de conseguir crédito. No entanto, o objetivo do Banco Central vai além disso: preservar a estabilidade e proteger os salários contra a inflação.
Além do mais, o diretor defendeu que a comunicação institucional precisa melhorar. De acordo com o diretor, os gestores públicos devem explicar com clareza como as decisões afetam o dia a dia da população. Portanto, ele acredita que os técnicos da área econômica têm o dever de simplificar os conceitos para ampliar a compreensão social.
Ele ainda destacou que o esforço de comunicação do BC aumentou nos últimos anos, mas reconheceu que há espaço para avançar. Nesse sentido, ele defendeu uma abordagem mais didática em eventos, comunicados oficiais e entrevistas, como forma de gerar mais confiança entre cidadãos e autoridades monetárias.
Mercado avalia que o BC mantém discurso cauteloso
O discurso de Galípolo repercutiu no mercado financeiro. Investidores enxergaram sua fala como uma tentativa de reforçar a importância da autonomia do Banco Central e da continuidade da política de metas. Além disso, analistas destacaram o tom técnico e cuidadoso adotado por ele, sem indicar pressões políticas sobre o rumo dos juros.
Embora a taxa Selic esteja em trajetória de queda desde o segundo semestre de 2024, a autoridade monetária vem sinalizando prudência nos próximos cortes. Segundo o último relatório Focus, o mercado espera que a taxa termine o ano em 9,5%. No entanto, economistas avaliam que novos dados de inflação e atividade econômica poderão influenciar esse cenário.
Portanto, mesmo com expectativa de alívio nos juros, o BACEN adota uma postura vigilante. Galípolo reforçou que a instituição continuará focada em garantir previsibilidade à economia, buscando estabilidade de preços e preservação da renda real da população.