Ordem democrática

"Golpe de Estado mata", cita Flávio Dino rejeitando os argumentos bolsonaristas

O ministro Flávio Dino, do STF, votou nesta quarta-feira (26) pelo recebimento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Flávio Dino - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Flávio Dino - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
  • O ministro votou a favor de receber a denúncia contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado, alinhando-se ao relator Alexandre de Moraes
  • Dino reforçou a necessidade de punição dos acusados, destacando a gravidade das alegações de atentado à democracia
  • A decisão aumenta a pressão sobre o ex-presidente e sete aliados, que podem enfrentar consequências jurídicas pelo suposto golpe após as eleições de 2022

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (26) pelo recebimento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado.

O voto de Dino seguiu integralmente a posição do relator, Alexandre de Moraes, reforçando a necessidade de responsabilização dos envolvidos.

Dino rejeitou os argumentos bolsonaristas que tentam minimizar os eventos de 8 de janeiro sob a justificativa de que não houve mortes.

Segundo o ministro, esse raciocínio é falho e desconsidera a gravidade da tentativa de subverter a ordem democrática. Ele citou o golpe militar de 1964 como exemplo, lembrando que, “embora não tenha causado mortes imediatas, desencadeou um período de repressão e violência”.

A tentativa de golpe e suas consequências

Durante sua manifestação, Dino destacou três pontos fundamentais:

  1. Golpe não precisa de mortes para ser crime: O ministro afirmou que a tentativa de golpe de Estado é um crime independentemente de vítimas fatais. Ele ressaltou que o golpe de 1964 também não teve mortes imediatas, mas levou a um regime violento e repressivo.
  2. A violência de 8 de janeiro poderia ter causado mortes: Dino enfatizou que a depredação e a invasão das sedes dos Três Poderes apresentaram riscos reais de vítimas fatais.
  3. Ações contra a democracia têm impacto duradouro: Ele destacou que um golpe de Estado pode trazer consequências profundas e que não é necessário haver mortes imediatas para caracterizá-lo como crime.

O ministro ainda citou o caso do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a Ditadura Militar, como exemplo das consequências nefastas de um regime autoritário.

“Golpe de Estado mata, não importa se é no dia, no dia seguinte ou depois”, afirmou.

STF perto da decisão final

Com o voto de Dino, o julgamento segue com as manifestações dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A expectativa é que o resultado seja divulgado ainda nesta quarta-feira (26). No entanto, a aceitação da denúncia não exige unanimidade.

Com três votos favoráveis, a ação penal será, portanto, instaurada. Assim, iniciando a fase de instrução, que inclui análise de provas e depoimentos de testemunhas.

A acusação contra Bolsonaro se baseia em um relatório da Polícia Federal, que aponta o ex-presidente como líder de um grupo que tentou impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023.

Se a ação penal for confirmada, Bolsonaro e seus aliados enfrentarão um julgamento histórico sobre a tentativa de ruptura democrática no Brasil.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ