- China emitiu alerta desaconselhando turistas chineses a viajarem aos EUA por riscos crescentes.
- O aviso ocorre após os EUA subirem tarifas para 125% e a China retaliar com alíquota de 84%.
- Setores de turismo e educação nos EUA já sentem efeitos, e há preocupação internacional sobre os impactos.
O governo chinês publicou um alerta oficial nesta quarta-feira (9) desaconselhando seus cidadãos a viajarem para os Estados Unidos. A recomendação acontece em meio a um novo capítulo da guerra comercial entre os dois países e levanta preocupações sobre a segurança de turistas chineses em território americano.
Alerta do governo chinês marca nova fase do conflito
O Ministério da Cultura e Turismo da China emitiu um comunicado nesta quarta-feira recomendando que cidadãos chineses reavaliem suas viagens aos Estados Unidos. O documento menciona “riscos crescentes relacionados à segurança” e o atual ambiente de “instabilidade bilateral” como motivos principais da recomendação.
A medida ocorre no contexto de uma escalada tarifária que reacendeu o confronto econômico entre Washington e Pequim. A nota do governo chinês descreve o cenário como desfavorável ao turismo e sugere que os viajantes priorizem destinos com relações diplomáticas mais estáveis.
Desse modo, a publicação do alerta foi amplamente divulgada pelos canais estatais da China, o que reforça o caráter institucional da decisão. Além disso, em comunicado paralelo, o Ministério das Relações Exteriores destacou que o bem-estar dos cidadãos chineses no exterior é prioridade, e que “ambientes de hostilidade, como o atual nos EUA, não oferecem garantias suficientes”.
Tensões comerciais voltam a escalar com tarifas recordes
A relação entre China e Estados Unidos se deteriorou nos últimos dias após o anúncio de novas tarifas. O presidente americano Donald Trump subiu para 125% as tarifas sobre produtos chineses importados, incluindo itens de tecnologia, maquinário e aço. A decisão teve efeito imediato e provocou reação em cadeia nos mercados globais.
Por sua vez, China havia respondido ameaças anteriores elevando suas tarifas sobre bens norte-americanos para 84%. Nesse sentido, autoridades chinesas acusaram os Estados Unidos de promover uma política econômica “coercitiva e discriminatória”, e afirmaram que estão prontas para proteger os interesses nacionais por todos os meios necessários.
Portanto, o alerta turístico surge como ferramenta diplomática. Ademais, analistas apontam que a medida também visa pressionar setores importantes da economia americana, como o turismo e a educação, ambos dependentes do fluxo de visitantes e estudantes chineses.
Impacto no turismo e educação preocupa setores americanos
O alerta chinês já preocupa representantes do setor turístico dos Estados Unidos. Pois dados do Departamento de Comércio mostram que os turistas chineses são os que mais gastam por visita no país. Em 2024, eles deixaram cerca de US$ 15 bilhões em receitas no setor. Com o novo alerta, agências de viagem relatam cancelamentos e pedidos de reembolso crescentes.
O setor de educação também pode ser impactado. A China é responsável pelo maior contingente de estudantes internacionais nos EUA. Universidades que dependem das mensalidades desses alunos já enfrentam dificuldades desde a pandemia e a primeira onda de sanções comerciais. O temor é que esse fluxo seja ainda mais reduzido com o clima atual.
Especialistas em relações internacionais avaliam que a medida chinesa não é apenas reativa, mas estratégica. Ao alertar seus cidadãos, Pequim também sinaliza descontentamento com a postura de Washington e ganha apoio interno ao adotar um tom mais protetivo diante da população.
Reações globais e risco de desdobramentos
A Organização Mundial do Turismo (OMT) manifestou preocupação com o uso de alertas de viagem como instrumento diplomático. Para a entidade, a politização do turismo pode prejudicar a recuperação do setor e afetar acordos bilaterais de cooperação. Países como Alemanha e França monitoram de perto o desenrolar do conflito, temendo impactos indiretos no comércio global.
Enquanto isso, o Brasil analisa com atenção os desdobramentos. O Itamaraty informou que acompanha o caso e que, se necessário, avaliará a adoção de protocolos de orientação consular a seus cidadãos em ambos os países.
A tensão entre China e Estados Unidos atinge níveis elevados e indica que os efeitos da disputa vão além dos dados econômicos. O alerta turístico marca um ponto simbólico e real de deterioração nas relações diplomáticas e comerciais entre as duas maiores potências do planeta.