
- Viagem de Lula ao Japão e Vietnã custou R$ 826 mil em diárias para 84 integrantes, sem incluir passagens aéreas
- Brasil avançou nas negociações para exportação de carne bovina e fechou venda de 15 jatos da Embraer ao Japão
- Participação de líderes do Congresso fortaleceu articulação entre governo e Legislativo durante a missão asiática
A comitiva que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua viagem oficial ao Japão e ao Vietnã custou R$ 826.774,92 aos cofres públicos apenas em diárias.
O valor ainda não inclui os gastos com passagens aéreas, já que parte dos 84 integrantes da delegação utilizou voos comerciais, com conexões internacionais. A viagem ocorreu entre os dias 24 e 30 de março, mas muitos membros da equipe já estavam na Ásia desde o dia 16.
Entre os nomes que acompanharam Lula estavam os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Além de ministros, deputados, senadores, empresários e líderes sindicais.
A Secretaria de Comunicação (Secom) liderou em número de representantes, com 11 servidores registrados no Diário Oficial da União (DOU). Já a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) concentrou os maiores valores em diárias: cerca de R$ 130 mil destinados a diretores, coordenadores e cinegrafistas.
O levantamento preliminar feito com base em dados do Portal da Transparência e no DOU ainda não reflete o total de gastos, pois 29 integrantes da comitiva ainda não tiveram seus valores publicados. Em 2024, o governo federal já gastou R$ 2,15 bilhões com diárias. No entanto, o maior valor desde 2014, durante a gestão de Dilma Rousseff (PT).
Expansão comercial com Japão e Vietnã avança
Apesar dos custos elevados, a viagem resultou em avanços diplomáticos e comerciais importantes. O presidente Lula levou à Ásia uma pauta focada em ampliar a inserção de produtos brasileiros no mercado asiático, especialmente no setor agropecuário.
Um dos principais objetivos era destravar o processo de liberação para exportação de carne bovina brasileira ao Japão e ao Vietnã, países que ainda mantêm restrições sanitárias.
O governo brasileiro considerou a missão bem-sucedida. Segundo Lula, os impedimentos devem ser resolvidos ainda em 2025. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, comprometeu-se a enviar rapidamente especialistas para analisar o rebanho bovino nacional.
Além disso, o Japão anunciou a compra de 15 jatos da Embraer pela companhia aérea All Nippon Airways, em uma operação estimada em R$ 10 bilhões. Também houve avanços nas áreas de tecnologia, ciência, transição energética, educação, saúde e aviação civil. Para o governo, a viagem fortaleceu o posicionamento internacional do Brasil como parceiro estratégico em inovação e sustentabilidade.
Missão fortalece articulação política de Lula
A presença de figuras centrais do Congresso Nacional na comitiva teve impacto positivo na relação do Executivo com o Legislativo. Ao incluir líderes partidários e presidentes das Casas na viagem, Lula buscou não apenas apoio institucional, mas também um gesto de aproximação política em um momento de desafios no avanço da pauta econômica no Congresso.
Ministros e líderes da base aliada destacaram que a viagem contribuiu para estreitar laços entre Executivo e Legislativo, além de reforçar o papel do Brasil como liderança no cenário global.
A avaliação do governo é que o gesto de incluir tantos parlamentares e representantes da sociedade civil fortalece a imagem do país no exterior e cria oportunidades para consensos internos.
Mesmo com as críticas em relação aos gastos públicos, a Presidência defende a importância das viagens internacionais como instrumento de diplomacia econômica. Lula já acumula 96 dias no exterior desde que reassumiu o cargo em janeiro de 2023.
Em sua agenda mais recente, o presidente viajou para Honduras, onde participa da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
A primeira-dama Janja também integrou a missão asiática, mas com equipe reduzida e, segundo ela, com foco em economia de recursos. A ausência de seus nomes no DOU até agora indica que os gastos com sua viagem ainda não foram oficialmente registrados.