Descaso poítico

GREVE na Receita Federal diminuirá arrecadação do Governo

Mobilização cresce após acusações de descaso por parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Receita Federal Imposto de Renda
Receita Federal Imposto de Renda
  • Auditores fiscais acusam tratamento desigual em relação à PGFN
  • Greve paralisa 80% do comércio exterior e afeta arrecadação
  • Julgamentos do Carf e transações tributárias estão travados

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal ganhou força após a Unafisco Nacional, entidade que representa a categoria, responsabilizar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela paralisação.

Segundo os servidores, o ministro teria priorizado outras áreas da pasta e negligenciado as demandas da Receita. Dessa forma, o que intensificou a insatisfação da categoria.

Os auditores destacam que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), vinculada ao Ministério da Fazenda, garantiu um reajuste salarial de 19% para os próximos dois anos. Enquanto, seus salários básicos permanecem congelados.

“Esse tratamento desigual foi a gota d’água para a greve, já que nosso trabalho é tão estratégico quanto o da PGFN”, afirmou a Unafisco em nota.

Impacto no comércio exterior

Com a adesão de delegados das principais regiões administrativas, a greve já paralisa 80% das operações de comércio exterior. Assim, gerando impactos negativos na economia e na imagem do governo Lula (PT).

Esta é a segunda greve da Receita em menos de um ano. Dessa forma, agravando ainda mais a crise em um momento em que o governo busca zerar o déficit fiscal.

A paralisação afeta diretamente a arrecadação federal. Os grevistas afirmam que R$ 15 bilhões em transações tributárias permanecem pendentes desde o ano passado.

Além disso, julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que envolvem R$ 51 bilhões em disputas fiscais, também estão suspensos. Conhecido como o tribunal dos grandes contribuintes, o Carf é crucial para resolver litígios entre empresas e o governo.

Frustração nas metas de arrecadação

O governo esperava arrecadar até R$ 55,6 bilhões em 2023 com o restabelecimento do voto de qualidade no Carf. No entanto, o valor efetivamente arrecadado ficou em apenas R$ 307 milhões.

Para 2024, a meta de arrecadação com transações tributárias diretas com o órgão era de R$ 31 bilhões, mas, até agora, o governo captou apenas R$ 5,4 bilhões.

Essa frustração de receitas levou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, a anunciar, no final de janeiro, que a previsão de arrecadar R$ 28,6 bilhões este ano com casos decididos no Carf será revisada para baixo.

Repercussão política

Além dos impactos econômicos, a greve expõe a fragilidade da articulação do governo junto aos servidores públicos. O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, enfrenta críticas desde a polêmica da “taxação das blusinhas”, em 2023, e, mais recentemente, pelo monitoramento das transações via Pix.

A paralisação reforça a pressão sobre Haddad, cuja gestão depende do sucesso da arrecadação para atingir o equilíbrio fiscal.

Enquanto o impasse persiste, o governo busca alternativas para minimizar os prejuízos, mas a retomada das atividades depende da negociação com os auditores fiscais, que continuam firmes na reivindicação por melhores condições salariais e valorização profissional.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ