
- A Guararapes também reduziu significativamente sua dívida líquida, que fechou 2024 em R$ 499 milhões
- Na Bolsa, a Guararapes fechou o dia valendo R$ 3,9 bilhões, acumulando uma valorização de 38% no ano
- A financeira Midway, braço de crédito do grupo, contribuiu significativamente para os resultados da Guararapes
A Guararapes, controladora da Riachuelo, encerrou o quarto trimestre com um desempenho sólido, impulsionado por ajustes operacionais realizados nos últimos dois anos. A empresa reportou uma receita de R$ 3 bilhões no período, registrando um crescimento de 10,8% na comparação anual.
O indicador “same-store sales” (vendas em mesmas lojas) de mercadorias avançou 13,9%, consolidando a companhia como uma das líderes do setor e ampliando sua participação de mercado.
Além do crescimento expressivo na receita, a companhia também superou as expectativas em rentabilidade. A margem bruta consolidada subiu para 58,7%, um aumento de 1,3 ponto percentual, superando as projeções de analistas, que estimavam 58%.
O EBITDA alcançou R$ 569 milhões, ficando acima do consenso de mercado, que apontava R$ 527 milhões.
“Crescer receita com margem é uma equação que nem sempre é fácil, mas temos conseguido sustentar isso,” afirmou André Farber, CEO da Guararapes.
“Esse equilíbrio tem gerado uma forte expansão do EBITDA, combinada com uma gestão disciplinada da alocação de capital e do capital de giro.”
Lucro cresce 43% e reverte prejuízo anual
O lucro líquido do quarto trimestre saltou 43%, atingindo R$ 249 milhões. No acumulado do ano, a Guararapes reverteu o prejuízo de R$ 89 milhões registrado em 2023, alcançando um lucro de R$ 235 milhões em 2024.
Farber destacou que o crescimento da receita decorre principalmente do aumento do volume de vendas, sem a necessidade de reajustes agressivos de preços.
Quando assumiu o comando da empresa em maio de 2023, ele identificou uma percepção negativa dos consumidores sobre os preços da Riachuelo.
“Os clientes achavam nossos produtos caros devido à concorrência, ao impacto da pandemia no poder de compra e à inflação elevada,” explicou.
Para reverter essa percepção, a empresa reduziu preços entre 5% e 15% em algumas categorias e, ao longo de 2024, manteve uma política de preços estáveis. Agora, com a economia mais equilibrada, a companhia já vê espaço para ajustes pontuais em 2025, especialmente em produtos com novas tecnologias e materiais aprimorados.
Midway e gestão financeira reforçam desempenho
A financeira Midway, braço de crédito do grupo, contribuiu significativamente para os resultados da Guararapes. No quarto trimestre, a Midway gerou um EBITDA de quase R$ 100 milhões e, no acumulado do ano, atingiu R$ 404 milhões.
Apesar do desempenho sólido, o EBITDA da financeira caiu 20,8% no trimestre, reflexo do aumento do índice de cobertura – provisões para inadimplência –, que subiu de 93,4% no segundo trimestre para 102% no quarto.
Segundo o CFO Miguel Cafruni, a decisão de reforçar as provisões foi estratégica.
“Nossos índices de inadimplência estão controlados e não vemos sinais de piora, mas optamos por criar um colchão adicional para eventuais oscilações futuras,” disse o executivo.
A Guararapes também reduziu significativamente sua dívida líquida, que fechou 2024 em R$ 499 milhões – uma alavancagem de apenas 0,3x EBITDA. Um ano antes, a dívida líquida era de R$ 1 bilhão.
A empresa realizou um pré-pagamento de R$ 500 milhões em setembro e pretende quitar mais R$ 350 milhões nos próximos meses, com o objetivo de encerrar o ano com posição de caixa líquido.
“Estamos tornando a companhia mais enxuta e eficiente, o que permitirá aumentar a lucratividade,” afirmou Cafruni.
Na Bolsa, a Guararapes fechou o dia valendo R$ 3,9 bilhões, acumulando uma valorização de 38% no ano.