Batalha Acirrada

Guerra comercial: China taxa de volta os EUA em 125%

Escalada tarifária entre EUA e China intensifica tensões comerciais e impacta mercados internacionais.

Crédito: Depositphotos
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  • A China elevou as tarifas para até 125% sobre produtos dos EUA, retaliando medidas anteriores.
  • A guerra comercial gerou impactos imediatos nos mercados financeiros e afetou economias emergentes como o Brasil.
  • Há riscos crescentes para a economia global, mas também oportunidades limitadas de curto prazo para exportadores brasileiros.

A guerra comercial entre China e Estados Unidos voltou a se intensificar nesta sexta-feira (11), após o governo chinês anunciar a imposição de novas tarifas sobre uma ampla gama de produtos norte-americanos.

A medida é uma resposta direta às recentes políticas protecionistas de Washington e reacende preocupações sobre o impacto global da disputa entre as duas maiores economias do mundo.

China revida e eleva tarifas a 125%

A escalada nas tensões comerciais entre EUA e China ganhou novo capítulo com o anúncio do governo chinês de que elevará tarifas sobre produtos norte-americanos. A decisão, segundo o Ministério das Finanças da China, é uma resposta direta ao aumento dos encargos promovido por Washington, que havia elevado as tarifas sobre itens chineses para até 145%.

Sendo assim, a nova medida chinesa atinge setores estratégicos dos Estados Unidos, como o agrícola e o aeroespacial. Produtos como soja, peças de aviões e medicamentos terão tarifas elevadas. Além disso, o país asiático suspendeu temporariamente a importação de toras de madeira e de soja de algumas entidades norte-americanas, o que aprofunda os efeitos da retaliação.

Além disso, Pequim também anunciou que levará o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando práticas comerciais abusivas por parte dos Estados Unidos. A movimentação diplomática reforça a tentativa da China de isolar politicamente os EUA e obter apoio de outros países frente à disputa.

No entanto, apesar do tom duro, analistas apontam que ainda há espaço para negociação. A decisão de ambos os países afeta diretamente a estabilidade global, e um prolongamento da crise pode gerar impactos macroeconômicos duradouros.

Efeitos nos mercados e impactos no Brasil

A notícia das novas tarifas provocou instabilidade imediata nos mercados. As bolsas asiáticas e europeias registraram queda, enquanto os principais índices norte-americanos operaram no vermelho. Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 registraram recuos leves, refletindo o aumento da aversão ao risco entre os investidores globais.

No Brasil, o impacto foi duplo: além da tensão internacional, os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e da prévia do PIB foram divulgados no mesmo dia. A inflação de março subiu 0,52%, enquanto o IBC-Br de fevereiro teve alta de 0,3%. Ainda assim, a combinação desses dados com o cenário internacional fez o Ibovespa recuar e o dólar ultrapassar R$ 5,10.

Apesar da crise, especialistas apontam que o Brasil pode se beneficiar no curto prazo. Com a China restringindo importações agrícolas dos EUA, há espaço para o país sul-americano ampliar suas exportações, especialmente de soja e carne bovina. Contudo, o benefício é limitado pela instabilidade global e pela possível redução da demanda chinesa.

No médio prazo, os riscos superam os ganhos. Uma recessão global, provocada por uma guerra comercial prolongada, afetaria negativamente o crescimento econômico do Brasil, além de restringir investimentos e pressionar o câmbio.

Movimento político e disputa estratégica

A resposta da China também carrega forte carga política. Em visita recente à Europa, o presidente Xi Jinping reforçou alianças com líderes da União Europeia, especialmente com o presidente espanhol Pedro Sánchez, buscando apoio contra a pressão dos EUA.

Enquanto isso, o presidente norte-americano Donald Trump afirmou que ainda busca uma resolução diplomática, mas não descarta medidas mais rígidas caso os chineses insistam em retaliar.

Outra frente da disputa envolve os minerais estratégicos. A China anunciou restrições à exportação de metais como tungstênio e telúrio, cruciais para a produção de semicondutores e baterias. A medida visa atingir diretamente a cadeia produtiva tecnológica dos EUA.

Analistas acreditam que essa disputa vai além do comércio: trata-se de uma batalha por hegemonia econômica e tecnológica. Os desdobramentos serão decisivos para os rumos do comércio internacional nos próximos anos.

Perspectivas e cenário futuro

A continuidade da guerra comercial entre China e EUA gera incertezas sobre o crescimento da economia mundial. Instituições financeiras internacionais já revisam para baixo suas projeções de expansão global para 2025.

No Brasil, a atenção se volta para os efeitos colaterais: volatilidade cambial, perda de confiança do investidor estrangeiro e possível aumento da inflação com a alta do dólar. O governo monitora o cenário para eventuais ajustes na política econômica.

Apesar das tensões, há espaço para reaproximação entre os dois países. Diplomatas afirmam que negociações técnicas continuam acontecendo nos bastidores, ainda que sem avanços concretos por enquanto.

O desenrolar desse impasse será determinante para o comércio internacional, as cadeias de suprimento e os investimentos nos próximos trimestres.

Entenda a guerra tarifária entre China e EUA

A guerra tarifária entre Estados Unidos e China ganhou novo fôlego sob o comando do presidente americano Donald Trump, que reassumiu o cargo em janeiro de 2025. Em 2 de abril, Trump anunciou uma tabela de tarifas que variam de 10% a 50% e que afetariam produtos de mais de 180 países. A China foi um dos principais alvos, recebendo uma nova tarifa de 34%, que se somou aos 20% já aplicados anteriormente sobre produtos chineses.

Como resposta, em 4 de abril, o governo chinês impôs uma tarifa adicional de 34% sobre todas as importações americanas. Em retaliação, Trump deu um ultimato a Pequim: ou as tarifas seriam retiradas até terça-feira (8), às 13h (horário de Brasília), ou haveria um novo aumento de 50 pontos percentuais nas tarifas já em vigor. A China não recuou e declarou que estava preparada para “revidar até o fim”.

Cumprindo a ameaça, os Estados Unidos elevaram as tarifas em mais 50%, totalizando 104% sobre produtos chineses. Na manhã de quarta-feira (9), a China respondeu à altura, aumentando suas tarifas sobre os EUA de 34% para 84%. Ainda no mesmo dia, Trump anunciou uma “pausa” no tarifaço para os demais países atingidos, reduzindo temporariamente as tarifas gerais para 10% por 90 dias — exceto para a China, que continuaria sendo alvo de medidas severas.

Em nova ofensiva, Trump anunciou tarifas adicionais para os produtos chineses, agora elevando o percentual para 125%. No dia 10, a Casa Branca esclareceu que essa nova taxa se somava aos 20% anteriores, totalizando 145% em tarifas sobre itens chineses. Já nesta sexta-feira (11), a China devolveu na mesma moeda, elevando suas tarifas para 125% sobre os produtos norte-americanos, consolidando o agravamento do confronto comercial.

Luiz Fernando
Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.