
- Trump retoma guerra comercial e impacta mercados globais
- Brasil tem exposição limitada, mas pode sofrer efeitos indiretos
- Canadá, China e México reagem com tarifas e sanções
A ofensiva comercial de Donald Trump voltou a ganhar força nesta terça-feira (4), com a imposição de tarifas adicionais sobre México, China e Canadá.
A iniciativa do ex-presidente americano reacendeu a aversão ao risco nos mercados globais, levando os índices de Wall Street a fortes quedas e aumentando a volatilidade financeira.
O chamado “homem tarifa” dá sinais de que não pretende parar por aí. Outros países, incluindo economias europeias e mercados emergentes como Brasil e Índia, podem ser os próximos alvos da sua estratégia protecionista.
As novas medidas vêm, portanto, acompanhadas de advertências de especialistas sobre os efeitos negativos para o crescimento global, a estabilidade dos investimentos e o equilíbrio comercial.
Mercados em alerta com a nova onda protecionista
O índice VIX, conhecido como o “termômetro do medo” em Wall Street, disparou mais de 10% nesta terça-feira, alcançando 25,12 pontos. Esse patamar representa seu nível mais alto desde dezembro e reflete a crescente preocupação dos investidores com os impactos da nova escalada tarifária.
As bolsas americanas também sentiram os efeitos imediatos. O S&P 500 caiu mais de 1%, somando-se à perda de 1,8% registrada na segunda-feira.
O Nasdaq Composite recuou aproximadamente 1%, entrando temporariamente em um território de correção, definido como uma queda de 10% ou mais em relação ao seu pico recente.
Brasil menos exposto, mas atento aos reflexos
Embora a onda protecionista de Trump possa impactar diversas economias emergentes, bancos americanos consideram que o Brasil tem uma exposição menor aos efeitos diretos das novas tarifas. Analistas do Bank of America e do Citi destacam que o país se beneficia de um mercado interno mais fechado e de um déficit comercial com os EUA, reduzindo o risco de sanções comerciais imediatas.
No entanto, economistas alertam para os reflexos indiretos. A desaceleração global pode reduzir a demanda por exportações brasileiras, afetando setores como o agronegócio e a indústria.
“A economia dos EUA pode não entrar em recessão, mas o risco de uma desaceleração mais intensa está aumentando”, avalia Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos.
Reação global: retaliações de Canadá, China e México
Diante das tarifas impostas por Trump, os principais alvos já iniciaram suas respostas:
- Canadá: O primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou tarifas de retaliação de 25% sobre produtos americanos e estuda novas medidas para proteger a economia do país.
- China: Pequim, portanto, elevou em 15% as tarifas sobre alimentos e produtos agrícolas dos EUA, além de endurecer restrições sobre exportações de empresas americanas.
- México: A presidente Claudia Sheinbaum prometeu um pronunciamento no próximo domingo (9), no qual anunciará medidas tarifárias e regulatórias para conter o impacto da decisão americana.
O impacto dessas retaliações pode ser severo, especialmente para o México, que tem 80% de suas exportações voltadas para os EUA. Estimativas da Capital Economics indicam que, caso as tarifas permaneçam em vigor, o PIB mexicano pode sofrer uma contração de 1% neste ano.
Impacto global: sem vencedores
A retomada da guerra comercial por Trump levanta preocupações sobre o futuro da economia global. Especialistas apontam que, apesar dos eventuais ganhos pontuais para os EUA no curto prazo, as perdas absolutas serão generalizadas.
Mohamed El-Erian, presidente da Queen’s College e conselheiro econômico-chefe da Allianz, alertou nesta terça-feira (04) que a escalada tarifária pode trazer “implicações significativas” para o crescimento global.
“Não há vencedores em uma guerra comercial”, reforçou o primeiro-ministro canadense, resumindo o temor crescente entre investidores e governos ao redor do mundo.
Com a incerteza dominando os mercados, o mundo agora aguarda os próximos passos de Trump. Além da resposta das principais potências econômicas.
O que está claro é que o protecionismo voltou, no entanto, ao centro do palco global e suas consequências podem se estender muito além do atual mandato presidencial americano.