O Bank of America elevou a recomendação da ação da Hapvida de ‘neutra’ para ‘compra’, enxergando um risco/retorno atrativo e mantendo o preço-alvo de R$ 5, após a empresa de saúde ter desapontado o mercado por dois trimestres consecutivos. O analista do banco, Fred Mendes, afirmou que a queda de 40% no valor da companhia nos últimos três dias foi exagerada e que a empresa está sendo negociada com base na percepção de um risco de solvência e de um risco no seu modelo de negócios, que o banco continua acreditando ser vencedor.
Segundo o analista, depois dos resultados desastrosos do quarto trimestre, muitos investidores levantaram dúvidas sobre a capacidade de solvência da Hapvida, em grande parte por conta da queima de caixa de R$ 635 milhões no trimestre. No entanto, para o Bank of America, a posição de caixa potencial de R$ 3,6 bilhões no quarto tri é capaz de cobrir as despesas recorrentes, as dívidas, o capex, M&As e outras despesas este ano.
O BofA também ressalta que a Hapvida deve começar a acelerar seus aumentos de preço este ano, como sinalizado pelo CEO Jorge Pinheiro na call do resultado. Segundo o banco, a companhia vinha focando no crescimento orgânico com a visão de que ‘todo mundo está sofrendo, mas no final dessa crise vamos sair mais fortes que os competidores e com um maior market share.’ No entanto, depois de tamanha correção, o banco acredita que a Hapvida provavelmente vai assumir um approach mais simples de focar na melhora das margens, mesmo que isso venha às custas das adições líquidas.
O setor de saúde está reportando as sinistralidades mais altas dos últimos 10 anos especialmente por conta do impacto da Covid-19, que levou a ajustes negativos dos planos individuais em 2021. Como o MLR é uma variável de dois fatores, preço e custo, e os custos são mais difíceis de controlar, a alta de preços é a única opção. Os planos individuais – cujo reajuste determinado pela ANS deve ficar em 10% este ano – representam 21% da carteira da Hapvida. O restante, cujo reajuste é livre, está dividido entre os planos empresariais e os coletivos por adesão. Para o BofA, a Hapvida pode aumentar seus preços pelo menos em linha com a SulAmérica, Amil e Bradesco, que deram reajustes de 15% ou mais.
O banco também nota que a inflação deve se manter próxima de 6% em 2023, o que, junto com as altas de preços, tende a ajudar a sinistralidade. Se a Hapvida está sob pressão financeira, seus concorrentes (especialmente os pequenos) provavelmente estão numa posição ainda mais desafiadora