Indústria naval brasileira

Indústria Naval: Governo Lula se envolverá com empresas investigadas na Lava-Jato

Governo destina R$ 45 bilhões para retomada do setor e busca gerar milhares de empregos.

Indústria Naval: Governo Lula se envolverá com empresas investigadas na Lava-Jato
  • Investimentos chegam a R$ 45 bilhões para revitalizar a indústria naval
  • Expectativa é gerar mais de 44 mil empregos até o final de 2025
  • Empreiteiras investigadas na Lava Jato voltam ao mercado

A indústria naval brasileira, que sofreu um forte declínio durante os governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), está sendo impulsionada por novos investimentos na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governo já aprovou um pacote de R$ 45 bilhões para a construção de embarcações, incluindo navios, submarinos, balsas e plataformas de petróleo. O objetivo é reerguer um setor que já foi um dos motores da economia nacional.

Licitações e novos contratos

Na segunda-feira (17), Lula esteve em Angra dos Reis (RJ) para anunciar uma nova licitação. As empresas interessadas terão três meses para apresentar propostas de construção de oito navios destinados ao transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) para a Petrobras.

Essa ação faz parte de um plano maior de expansão da frota nacional e do fortalecimento da indústria naval, que teve seu auge em 2014 antes da crise desencadeada pela Operação Lava Jato.

O volume de investimentos na indústria naval nos últimos dois anos já é 70% maior do que o montante projetado entre 2019 e 2022. Apenas em 2023, foram firmados contratos no valor de R$ 5,3 bilhões, o maior número desde 2012.

Além disso, outros projetos seguem em andamento: 415 obras de infraestrutura para navegação fluvial foram iniciadas, com um investimento de R$ 4 bilhões destinados à construção de 400 balsas. Além de 15 empurradores para o transporte de minérios de ferro e manganês.

Financiamento e incentivos fiscais

A retomada da indústria naval também contará com apoio financeiro de bancos estatais. Empresas vencedoras das licitações poderão solicitar financiamentos junto ao BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia.

Além disso, o governo federal concederá isenção fiscal para novos estaleiros. Dessa forma, incentivando a ampliação da capacidade produtiva do setor.

Retorno das empreiteiras

A previsão da Frente Única dos Petroleiros é de que a retomada da indústria naval crie 44 mil novos empregos até o final de 2025. Isso mais que dobrará o contingente atual de trabalhadores do setor, que somava 32 mil em dezembro do ano passado.

Para que essa expansão ocorra, o governo busca atrair de volta as empreiteiras que foram investigadas pela Lava Jato. Em 2023, o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, iniciou negociações com o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) para viabilizar a participação dessas empresas nas novas licitações.

Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Engevix e Novonor (ex-Odebrecht) recuperaram sua capacidade de negociar com a Petrobras. Outras, como a Odebrecht Ambiental e a Schahin Engenharia, permanecem impedidas. O Estaleiro Rio Grande, da Ecovix (antiga Engevix), já garantiu um contrato de US$ 278 milhões para construir quatro navios para a Transpetro, reforçando o retorno dessas empresas ao setor.

O Estaleiro Rio Grande, da Ecovix (antiga Engevix), já garantiu um contrato de US$ 278 milhões para construir quatro navios para a Transpetro. Contudo, forçando o retorno dessas empresas ao setor.

Desafios e regulação do setor

Especialistas alertam para a necessidade de rigor na seleção das empresas participantes.

“Iniciativas dessa magnitude sempre exigem um olhar técnico e regulatório extremamente apurado”, afirma José Luiz Pimenta, professor de relações internacionais da ESPM especializado em Comércio Exterior.

Segundo ele, é essencial que todas as empresas interessadas estejam devidamente habilitadas. E, portanto, cumpram as exigências regulatórias para evitar novos problemas jurídicos e financeiros.

Apesar dos desafios, o governo Lula aposta na indústria naval como um motor para o crescimento econômico, a geração de empregos e a soberania nacional no setor marítimo. O setor, que já foi um dos mais fortes do país, pode estar a caminho de uma nova era de prosperidade.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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