Inflação brasileira

Inflação não deve cair nos próximos 5 meses, diz diretor do BC

O BC indicou que a inflação brasileira pode continuar elevada e reforçou a necessidade de manter a taxa Selic em nível restritivo.

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  • O Banco Central sinalizou que a inflação deve permanecer alta nos próximos meses, reforçando a necessidade de manter os juros em patamar alto por mais tempo
  • O diretor de Política Monetária, Nilton David, indicou que a taxa básica de juros (atualmente em 14,25% ao ano) pode subir novamente em maio
  • A autoridade monetária destacou a necessidade de ajustes graduais na política monetária, refletindo um cenário econômico ainda desafiador

O Banco Central indicou que a inflação brasileira pode continuar elevada nos próximos meses. E, dessa forma, reforçou a necessidade de manter a taxa Selic em nível restritivo.

O diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, afirmou nesta segunda-feira (31) que o cenário exige cautela e ajustes graduais na política monetária. Segundo ele, a Selic, atualmente em 14,25% ao ano, pode subir novamente em maio, mas com menor intensidade.

Inflação pode não ceder nos próximos meses

Nilton David destacou que a inflação não deve arrefecer nos próximos cinco meses e que o BC monitora a dinâmica do mercado para calibrar os juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) já indicou que a desaceleração da economia é fundamental para levar a inflação à meta de 3%, dentro do intervalo de 1,5% a 4,5%.

Em fevereiro, o IPCA ficou em 5,06%. E, a projeção do BC aponta para um aumento até 5,6% em março, mantendo-se acima de 5,5% por algum tempo.

O Banco Central também reduziu a previsão de crescimento do PIB para 2025, de 2,1% para 1,9%, refletindo os impactos da política monetária restritiva. A autoridade monetária avalia que o nível de juros real neutro está em 5%. Atualmente, os juros reais do Brasil devem ficar em torno de 8,79% nos próximos 12 meses, segundo estimativas do mercado.

Selic pode subir novamente em maio

O Banco Central sinalizou uma nova elevação da Selic na reunião de maio, mas sem definir o tamanho do ajuste. O forward guidance, mecanismo utilizado para antecipar movimentos da política monetária, não indicou um percentual exato de alta. Mas, os analistas esperam um aumento entre 0,25 e 0,75 ponto percentual.

Nilton David destacou que o guidance deve ser usado com cautela e que o BC precisa de elevada convicção para dar sinais mais precisos ao mercado. A última vez que a autoridade monetária utilizou esse instrumento foi em dezembro de 2024. Contudo, quando previu duas altas consecutivas de 1 ponto percentual, em janeiro e março de 2025.

O BC agora busca reduzir a volatilidade nos mercados financeiros, mantendo uma comunicação clara sobre os próximos passos da política monetária.

Impacto da tributação e mudança na demanda

O diretor do BC apontou que mudanças recentes na tributação de investimentos impactaram a percepção dos juros reais no Brasil.

A taxação anual das offshores, aprovada no final de 2024, alterou o comportamento dos investidores, levando a um aumento na demanda por debêntures incentivadas – títulos isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas.

Essa migração de recursos afetou a dinâmica do crédito e a estrutura das taxas de juros no país. Nilton David explicou que, em um contexto normal, esse movimento teria ocorrido de forma mais gradual, sem gerar distorções na percepção da taxa de juros real. No entanto, o acúmulo de fatores contribuiu para mudanças no mercado financeiro e no comportamento dos agentes econômicos.

O Banco Central segue monitorando o impacto dessas mudanças na economia e reforça que a taxa de juros continuará em patamar elevado para garantir a convergência da inflação à meta.

A próxima decisão do Copom, em maio, será fundamental para definir os rumos da política monetária nos próximos meses.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ