Opiniões diversas

Juros em foco: Especialistas reagem à decisão do Copom

A decisão do Comitê de Política Monetária de elevar a Selic e indicar um ajuste menor nas próximas reuniões gerou diferentes interpretações.

Juros em foco: Especialistas reagem à decisão do Copom
  • Tom mais brando: O comunicado do Copom indicou um ajuste menor, refletindo preocupações com a atividade econômica
  • Divergências sobre Selic terminal: Enquanto alguns especialistas projetam 15%, outros ainda veem espaço para novos aumentos
  • Inflação e fiscal seguem como fatores decisivos: A evolução desses indicadores determinará os próximos passos do BC

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic e indicar um ajuste menor nas próximas reuniões gerou diferentes interpretações entre economistas e analistas financeiros. Embora o comunicado tenha sido amplamente esperado, o tom e as perspectivas futuras continuam em debate.

Postura mais branda, mas ainda cautelosa

Leonardo Costa, da ASA, destacou que o comunicado veio “mais dovish” do que o esperado, sinalizando que o fim do ciclo de alta pode estar próximo. Para ele, os sinais de desaceleração econômica começam a aparecer, o que justifica um aumento mais moderado.

No mesmo sentido, Flávio Serrano, do BMG, acredita que a menção do Copom à defasagem dos efeitos da política monetária sugere que o ciclo de aperto pode se encerrar em maio, com um ajuste final de 0,5 ponto percentual.

“A partir de maio, o horizonte relevante passará a ser o quarto trimestre de 2026”, reforçou.

Divergências sobre Selic terminal

Apesar da sinalização do Copom, há divergências sobre o patamar final da taxa de juros. Roberto Padovani, do BV, projeta que o ciclo pode ir além do que o comunicado indicou, com Selic atingindo 15% e se mantendo nesse nível até o fim do ano.

Ele justifica essa visão afirmando que o Copom ainda está preocupado com a falta de convergência das expectativas de inflação.

Por outro lado, Marco Antonio Caruso, do Santander, enxergou um tom um pouco mais “hawkish” do que o mercado precificava. Ele observou que, embora a fraqueza econômica tenha sido citada, não teve peso significativo no balanço de riscos, mantendo aberta a possibilidade de novos aumentos após maio.

Inflação e fiscal continuam no radar

A sustentabilidade da política monetária depende da evolução da inflação e da situação fiscal do país. Gustavo Cruz, da RB, afirmou que, se houver melhora nesses fatores, o mercado se alinhará à expectativa de alta de 0,5 ponto em maio. Caso contrário, a projeção poderá ser ajustada para um aumento maior, de 0,75 ou até 1 ponto percentual.

Na mesma linha, Rodolfo Margato, da XP, enfatizou que não viu mudanças significativas no comunicado, mas alertou que o Copom continuará monitorando os indicadores.

“Nosso cenário é de alta de 0,75 ponto em maio e 0,5 ponto em junho, com Selic terminal de 15,5%”, disse.

Perspectivas para o fim do ciclo

Marianna Costa, da Mirae, apontou que o Copom manteve um tom firme, mas foi subjetivo sobre os motivos para reduzir o ritmo de alta. Ela acredita que o fim do ciclo está próximo, mas manteve a projeção de Selic em 15% até junho.

Por fim, Mayara Oliveira, da Droom Investimentos, destacou que o equilíbrio entre inflação, crescimento e responsabilidade fiscal continuará sendo o maior desafio da política monetária.

“Se a inflação persistir acima das expectativas e o cenário fiscal piorar, o BC pode ser forçado a realizar novas altas nos juros”, concluiu.

Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ
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